Elânia Francisca

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Opinião

Amizades na adolescência: como cuidar e proteger sem afastar ou constranger

Seu filho adolescente tem um amigo que você conhece desde a infância. Você conhece a família desse menino desde o primeiro dia de aula na escolinha, vocês socializam sempre que há eventos na escola e às vezes até fora dela.

Adolescência chega e você percebe que, aos poucos, seu filho e esse amigo se afastam. O coleguinha agora gosta de coisas diferentes das coisas que seu filho passou a curtir, e para os dois não há nada demais nesses novos caminhos que estão traçando.

O amigo agora tem a turma dele, que é bem diferente da turma que seu filho está. E é aí que está o problema: você não gosta nadinha dos novos amigos de seu filho.

Na verdade, você pouco os conhece, mas pelas roupas, formas de falar e postagens em redes sociais, você não gostaria que seu filho ficasse como eles.

Um dos momentos mais importantes da adolescência é quando se começa a construir uma identidade de grupo. Adolescentes iniciam um processo de aproximação com outras pessoas de sua idade que, geralmente, têm os mesmos gostos, mesmas dores ou que vivem de uma forma que gostariam de viver.

Estar em grupos é parte importante e saudável da adolescência, afinal, é bom estar com pares e pessoas que podem se acolher. É saudável estar com outras pessoas da mesma idade ou idade aproximada, para se apoiarem. Contudo, é importante salientar que todo novo laço afetivo de adolescentes precisa ser de conhecimento das pessoas adultas —não no sentido de fiscalizar os passos, mas no sentido de proteção e cuidado.

Sempre que um adolescente me diz que a mãe quer conhecer os amigos, eu pergunto se ele imagina o motivo de ela querer isso. Muitas vezes a resposta é parecida com "ela quer me fiscalizar, me controlar", ou algo do tipo. Só que não!

Nós, pessoas adultas, precisamos deixar bem nítido para adolescentes que o desejo de conhecer suas amizades está mais no campo de cuidado e acolhimento dessa nova pessoa que faz parte da rede de afetos de adolescentes

É importante salientar que o desejo de conhecer as novas amizades de adolescentes é um poder que nós, pessoas adultas, temos e, como dizia o tio do Homem-Aranha, "Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades". Então, precisamos nos responsabilizar com a criação de um caminho tranquilo e acolhedor quando adolescentes quiserem/forem nos apresentar suas amizades.

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Um ponto importante é sempre tratarmos as amizades de adolescentes como gostaríamos que esse adolescente fosse tratado na casa de suas amizades. Sejamos pessoas respeitosas e abertas.

Outro ponto bacana é tentar se despir de preconceitos. Muitas pessoas adultas dizem: "Não quero meu filho com esse menino porque ele é má influência".

Já parou para pensar que a família desse menino pode achar que a má influência é o seu filho?

É sempre bom a gente se manter por perto. Mas julgar os amigos dos filhos pode afastá-lo, ou pior, pode fazer com que seu filho ou filha não te conte mais nada sobre aquela amizade para não ouvir julgamentos.

O ideal é termos calma, nos mantermos abertas para diálogos em que possamos entender melhor essa amizade e sempre conversar sobre elementos que fazem de uma relação de amizade algo saudável ou abusivo.

Amizades também podem ser abusivas, e precisamos falar sobre isso em casa ou nos serviços de acolhimento. Contudo, quando a amizade é saudável, os benefícios para a saúde mental de todo mundo são perceptíveis.

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Em breve falaremos mais sobre amizades na adolescência e saúde mental, mas nesse momento quero te perguntar: como você lida com as amizades de adolescentes aí da sua casa?

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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