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Dante Senra

Coração palpitando? Entenda o que são arritmias e como elas ocorrem

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

27/07/2019 04h00

Em condições normais, não nos damos conta ou sentimos nosso coração bater. Salvo em situações momentâneas de forte estresse ou emoção exacerbada, dizemos que quando isto ocorre, é uma situação anormal e merece ser avaliada.

Chamadas de palpitações, os batimentos sentidos de forma súbita e inesperada no tórax, na região do coração, são manifestações frequentes da aceleração ou de batimentos irregulares (fora de ritmo) do coração.

Desse modo, as palpitações são manifestações clínicas da percepção das chamadas arritmias cardíacas, ou seja, de batimentos tidos como anormais, tanto por alterações do ritmo cardíaco como por aceleração exagerada de nossos batimentos, ainda que de forma rítmica (regular).

O verbo palpitar, originado do latim palpito significa "agitar-se de modo ligeiro, latejar, ofegar, pulsar". Também pode significar em sentido figurado desejar muito, ansiar (ex. o seu coração palpita por um novo amor).

A palpitação ainda que decorrente de emoção ou estresse e ainda que com ritmo regular (se tiver uma frequência muito alta) pode ser considerada uma arritmia. Segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC), elas afetam mais de 20 milhões de brasileiros todos os anos nas suas mais variadas formas.

Como as arritmias ocorrem?

O coração é um músculo. Único em nosso corpo chamado de autoexcitável. Isso quer dizer que ele tem seu próprio gerador de estímulos e próprio sistema de condução elétrica para esses estímulos. Embora ele sofra interferência do sistema nervoso (ou seja, ele acelera no medo ou emoções), independe dele para contrair. Chamamos de arritmia, de uma maneira geral, batimentos originados fora desse sistema próprio de condução elétrica ou quando este estímulo é muito rápido ou lento demais.

Podem se manifestar como uma sensação de tosse ou pigarro, ou ainda como uma sensação de falha, tonturas, náuseas, queda de pressão, falta de ar, ou até mal-estar inespecífico como sensação de medo, ansiedade ou morte eminente.

Por que elas aparecem?

Batimentos mais fortes e vibrantes podem ocorrer em diversas situações, patológicas ou não, tais com:

  • Pratica de exercícios;
  • Fortes emoções (ansiedade, dor ou medo);
  • Febre;
  • Variações da pressão arterial;
  • Anemias;
  • Desidratação;
  • Variações de alguns íons como potássio ou magnésio;
  • Baixa de oxigênio no sangue (importantes tabagistas);
  • Glândula tireoide hiperativa (hipertireoidismo);
  • Doenças estruturais do coração;
  • Uso de alguns medicamentos (anfetaminas, bronco-dilatadores, que são inaladores utilizados para asma) e uso de drogas;(álcool, cafeína, nicotina e cocaína);
  • Isquemia (falta de irrigação sanguínea) ocasionada por obstruções das artérias do coração.

Quando procurar o médico?

Habitualmente benignas as palpitações, só nos fazem procurar auxílio médico se causarem um desconforto pela frequência.
Também de um modo geral, quando essa sensação for acompanhada de outros sintomas, tais como desconforto no peito, falta de ar, náusea, vômito, sudorese, tontura ou desmaios, podem sinalizar algo mais grave e merecem uma investigação.

Em todos os casos, os óbvios conselhos como evitar cafeína, medicamentos contra gripe que contenham pseudoefedrina, energéticos e substâncias estimulantes, como a cocaína, nicotina, maconha e anfetaminas serão reforçados pelos médicos.

Além disso, o médico irá avaliar a frequência e a intensidade com que essas palpitações ocorrem. Se guardam relação com algum fator desencadeante (estresse ou exercício físico por exemplo). E se há sintomas associados como tonturas ou dor no peito.

Dada a natureza dos exames de investigação (não invasivos) e a possibilidade de ser a palpitação uma manifestação secundária a alguma patologia, aconselho meus pacientes que todas elas devam ser investigadas e ai pode-se estabelecer com segurança a necessidade de tratamento.