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Roteiro de sobrevivência para dias mortos em SP

Capa do álbum "Manual de Sobrevivência para Dias Mortos", do China - Reprodução/Divulgação
Capa do álbum "Manual de Sobrevivência para Dias Mortos", do China Imagem: Reprodução/Divulgação

Sté Reis

Colaboração para o Urban Taste, em São Paulo

04/06/2019 17h09

Acompanhando a leva de lançamentos ácidos e críticos ao governo, o pernambucano China (ex?Sheik Tosado e Del Rey) lançou nesta semana seu quinto álbum de estúdio, "Manual de Sobrevivência para Dias Mortos", com produção de Yuri Queiroga e 11 faixas que passam pelo punk, frevo, rap, rock e música brasileira.

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Desde o último álbum do artista, "Telemática", se passaram apenas cinco anos. Tempo suficiente para o Brasil viver um novo contexto político, social e cultural. Para China, os acontecimentos ajudaram a costurar as composições. "Vejo o compositor como um cronista da realidade, revelando em suas canções o que ele enxerga do mundo, e estamos vivendo tempos bem conturbados para simplesmente fecharmos os olhos e fingir que nada está acontecendo", diz em entrevista ao Urban Taste. "Viver nos dias de hoje é um ato de resistência, de luta, e isso transborda para a música e para todas as nossas ações diárias."
Participações de Andreas Kisser e Uyara Torrente
Entre as participações especiais, fazem parte do disco seu filho Matheus Câmara, na bateria de "Consumo" e "Mareação" e os guitarristas Neilton (Devotos) em "Fascismo Tupinambá", além de Andreas Kisser em "Frevo e Fúria". "Ter Andreas tocando uma música minha é sonho de consumo desde que eu era moleque. O Sepultura é uma banda que sempre me influenciou, e acho que só não tinha chamado ele antes por não ter a música adequada para isso", gargalha. "O que mais gosto nessa faixa é que ela é um frevo muito rápido, ligeiro, e as palhetadas que Andreas imprimiu na guitarra casam perfeitamente no ritmo. É como se uma orquestra de frevo ganhasse um integrante do rock."
Entre as colaborações femininas estão Bell Puã, Natália Matos e Uyara Torrente. Na segunda faixa, "Moinhos de Tempo", Bell adiciona um rap ao coro, endossando a rica mistura de influências que o álbum contempla. "As mulheres que participam do disco são artistas que sempre admirei e fiquei muito feliz em poder contar com elas nesse trabalho", comenta. "Bell Puã, que você citou, vem do Slam das Minas de Pernambuco, desde que a vi pela primeira vez fiquei impressionado com seus versos e com a força que ela os recita. Uyara Torrente, da Banda Mais Bonita da Cidade, que já é parceira de longa data, e Natália Matos, não foram convidadas apenas por suas vozes incríveis. São mulheres que admiro pela potência dos seus discursos e posicionamentos tão necessários nos dias de hoje. Me sinto muito honrado de dividir esse disco com elas."
Como sobreviver a dias mortos
Mas, o que China classifica como dias mortos? "Somos uma nação incrível, uma sociedade que pretende seguir em frente, que luta por dias melhores, então, quando vejo todos os retrocessos que estamos vivendo vejo dias mortos". E também foram em dias de ócio que o álbum começou a surgir. Em uma antiga série no seu canal no Youtube, o músico criou novas versões para clássicos da música brasileira. "Fazer o Ócio Criativo me desafiou como artista. Criar releituras para obras estabelecidas do cancioneiro nacional é muito difícil e no estúdio testei um monte de sonoridades e instrumentos diferentes para chegar no resultado final. Isso me ajudou bastante no processo de composição e gravação do disco."
Ponte aérea Pernambuco x São Paulo
Morando em São Paulo a mais de uma década, China é apaixonado pela cidade. "Eu amo São Paulo. É uma cidade que sempre me acolheu desde que cheguei. Adoro essa harmoniosa confusão. Pessoas de todos os lugares do Brasil e do mundo estão aqui e é muito legal essa troca de cultura. Acho que a cidade é quem mais ganha com isso."
Os dias mortos em SP são inevitáveis, mas China tem sua própria forma de driblá-los. "Eu enfrento os dias mortos com cultura e SP tem muitas opções para a gente ficar mais inteligente. Um simples passeio na Avenida Paulista aos domingos enche meus olhos de arte. Ir no Masp e outros museus da cidade é certeza de encontrar belas exposições. E em baladas como a Casa Baixo Augusta, o Mundo Pensante, ou o Centro Cultural Rio Verde, entre outras, eu assisto shows bem legais e troco ideia com gente muito interessante. Ou seja, passear pela cultura de SP é ficar mais inteligente."

Vai lá:

Avenida Paulista
Entre Avenida Brigadeiro Luís Antônio e Rua da Consolação
Domingos e feriados, das 10h às 18h
Casa do Baixo Augusta
Rua Rêgo Freitas, 553 - República
De terça a sexta das 10h às 18h e das 19h às 00h.
Mais informações no site.
- Mundo Pensante
Rua Treze de Maio, 830 - Bela Vista
De quinta a sábado, das 21h às 00h e das 23h às 06h.
Mais informações no Instagram.
- Centro Cultural Rio Verde
Rua Belmiro Braga, 119 - Pinheiros
Segunda a sexta, das 8h às 17h.
Mais informações no Instagram.
- MASP
Av. Paulista, 1578 - Bela Vista
De terça a sexta, das 10h às 19h, sábados e domingos, das 10h às 20h.
Mais informações no site.

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