Cidade francesa muda pátio de escola para favorecer a igualdade de gênero
Na cidade de Trappes, localizada em Yvelines, na região parisiense, a prefeitura tirou a quadra de futebol do meio do pátio da pré-escola Michel-de-Montaigne, criando um espaço para incentivar as brincadeiras entre meninos e meninas.
A reorganização do espaço, proposta pelo setor de Urbanismo da prefeitura, visa evitar que o centro do pátio seja ocupado principalmente pelos meninos. Na prática, a quadra de futebol foi deslocada para um canto, “mesmo que o futebol não seja apenas um esporte masculino”, lembrou Thomas Urdy, o assessor da prefeitura de Trappes, ao jornal francês Le Parisien. Além disso, o piso do parque foi pintado de lilás, e os escorregadores, com duas entradas, de rosa-choque e amarelo.
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No chão, estrelas e planetas completam a decoração. Vasos de plantas, amarelinha e brinquedos foram instalados ao redor. A decisão de “colorir” o local surgiu nas reuniões entre os urbanistas da cidade, os diretores da escola e as próprias crianças, que falaram sobre suas ideias com seus pais. “A desigualdade de gênero é um círculo vicioso. Aos poucos, cada um se sentirá responsável pela mudança que promove igualdade”, diz Urdy. “Não queremos criar um gênero híbrido”, explica. “A ideia é apenas que cada menina e menino se sinta à vontade da mesma maneira no espaço público”, reitera.
Em três anos, 12 escolas passaram por reformas pensadas para estimular a igualdade de gênero na cidade, mas o pátio do jardim de infância Michel-de-Montaigne foi o primeiro a ser totalmente reformulado. Para isso, contou com um orçamento de € 43 mil. Para professora Gaëlle Bourré, entrevistada pelo jornal Le Monde, as crianças menores estão menos suscetíveis aos estereótipos e mais abertas aos aprendizados. “Os meninos preparam bolo e as meninas estão correndo uma atrás das outras”, disse à reportagem do jornal, apontando para dois alunos.
Debates filosóficos no jardim da infância
A diretora da escola, Béatrice Riom, que é professora no jardim da infância, diz ter instaurado na sua classe “debates filosóficos”, onde ela questiona “a representação das crianças sobre o que elas consideram que é papel dos homens ou das mulheres”. A diretora, diz,“usa imagens como a de um personagem conhecido de um livro infantil, onde o pai cozinha e a mãe lê o jornal.” Segundo ela, é criando as bases do diálogo que os “clichês podem ser desconstruídos”. O “pátio da igualdade” também já tem efeitos no comportamento das crianças, garante. Segundo os pais, elas estão mais calmas do que antes.
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