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Valentino, "último rei da moda", é retratado em filme em Veneza

O estilista italiano Valentino acena para o público no Festival de Veneza - AFP
O estilista italiano Valentino acena para o público no Festival de Veneza
Imagem: AFP

Por Silvia Aloisi

28/08/2008 15h29

VENEZA (Reuters) - O estilista Valentino retornou ao tapete vermelho, oito meses depois de sua despedida emocionada do mundo da moda, em um filme que homenageia o homem que vestiu algumas das maiores beldades do mundo, de Jackie Kennedy à princesa Diana.

"Valentino: The Last Emperor" acompanha de perto os dois últimos anos de Valentino na direção da casa de moda que ele criou na década de 1960 e com a qual virou sinônimo de glamour em alta-costura durante quase meio século.

Dirigido pelo jornalista norte-americano Matt Tyrnauer, da revista Vanity Fair, o documentário acompanha Valentino de junho de 2005 a julho de 2007, quando ele festejou o 45o aniversário de sua maison com três dias de comemorações em Roma.

Valentino se aposentou em janeiro de 2008 após seu último desfile de moda em Paris, pondo fim a meses de especulações sobre seu futuro, à medida que a empresa financeira Permira foi pouco a pouco assumindo o controle de seu império.

O filme leva o espectador para dentro do estúdio em que ele criava seus vestidos, ao backstage dos desfiles de moda em Paris, onde socialites faziam fila para ver suas coleções, e a mansões em todo o mundo onde ele promovia festas para celebridades e membros de famílias reais.

O documentário também capta o relacionamento intenso entre o estilista e Giancarlo Giammetti, seu companheiro e sócio comercial durante 50 anos, cujo tino para os negócios foi tão crucial para o sucesso do grupo quanto foi o talento criativo de Valentino.

Em iates e jatinhos, os dois são acompanhados por seus seis cães mini-buldogues, enquanto um exército de costureiras concretiza suas idéias em seus ateliês em Roma.

Valentino é visto como um dos últimos dos grandes estilistas da era antes de a moda virar uma indústria global altamente comercializada, hoje dirigida tanto por contadores e executivos de marketing quanto por estilistas.

"Depois de tantas décadas, de tanto trabalho, de tanta liberdade, você pode imaginar essas pessoas me dizendo 'você não pode fazer isso, não pode fazer aquilo'?", diz ele no filme.

Nascido em 1932 no norte da Itália e conhecido mundialmente por seu primeiro nome, Valentino ascendeu à fama na época áurea do cinema italiano, nos anos 1960, uma fase imortalizada por "La Dolce Vita", de Federico Fellini.

Daquele tempo em diante, seus vestidos de noite escarlates e seu estilo conservador fizeram dele um favorito em eventos de tapete vermelho, nos quais ele vestiu mulheres como Audrey Hepburn, Elizabeth Taylor e Julia Roberts.

Mas a transformação da moda em uma indústria de 127 bilhões de dólares foi pouco a pouco pondo em risco a independência da velha guarda da moda e introduzindo um novo grupo de estilistas vistos como mais adaptados para liderar a expansão para novos mercados e novas linhas de produtos.

"Quero deixar a festa enquanto ela ainda está a todo vapor", diz Valentino no filme, anunciando sua retirada de cena.