Turista deixa Brasil após denunciar estupro em boate no RJ: 'Um pesadelo'
A turista estrangeira que denunciou ter sofrido um estupro coletivo em uma boate do Rio de Janeiro voltou para casa e se pronunciou sobre o ocorrido por meio de carta.
O que aconteceu
"Quero acordar e pensar que toda minha viagem pelo Brasil foi um pesadelo", afirmou. Em trecho da carta a qual o UOL teve acesso, a jovem afirmou que não sabe se haverá justiça e disse que sonha em voltar à vida normal no país de origem dela.
Boate foi escolhida por ser "segura". A universitária também afirmou que escolheu o Portal Club, uma boate LGBTQIA+, porque recebeu recomendações de que o espaço era "muito seguro, onde as famosas situações de violência no Rio não aconteceriam".
Vítima achava que quarto escuro era outra pista de dança. Ela contou que não há "quartos escuros" no país de origem dela e disse que o segurança da boate afirmou que ela entrou por vontade própria no local. O nome e a nacionalidade da mulher foram preservadas pela polícia.
Acesso às imagens das câmeras foi negado, denunciou vítima. Segundo ela, após deixar o quarto escuro e chamar funcionários da casa para relatar o ocorrido, os seguranças afirmaram que só liberariam as gravações de dentro da casa noturna com autorização da polícia.
"Espero que minha história ajude outras mulheres", disse. A vítima agradeceu às mulheres brasileiras pelo apoio recebido após o crime e disse que "não teria conseguido sem elas".
"Apoio que prestamos à vítima será provado", afirmou boate. Em nota enviada ao UOL, o Portal Club disse que disponibilizou registros das câmeras de segurança aos responsáveis pela investigação.
Nova denúncia de estupro foi feita. Uma mulher, que também teria sido abusada por mais de um homem dentro do mesmo quarto escuro no fim de 2023, procurou a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alerj após a denúncia da turista estrangeira. O UOL buscou a Polícia Civil para saber mais informações sobre o assunto e não recebeu retorno até o momento.
Não sei como deixei aquele quarto escuro. Quando recuperei um pouco a consciência, estava sentada em uma cadeira dentro da boate chorando e gritando com minha amiga de um lado e uma segurança do outro.
Vítima que denunciou estupro coletivo, em carta
Polícia Civil investiga o caso
O boletim de ocorrência foi registrado na terça-feira (2). A violência sexual ocorreu na madrugada do domingo (31), relatou a vítima à Polícia Civil. O crime foi denunciado pela deputada Renata Souza (PSOL-RJ), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alerj.
Homens esperavam vítima em sala reservada, afirmou mulher à polícia. A vítima foi à boate Portal Club Rio, na Lapa, com uma amiga e entrou em um "dark room" com um homem que conheceu no local. Dentro da sala, ela foi violada por outros homens, informou em depoimento.
Vítima contou que perdeu a consciência. A estrangeira disse à polícia que não sabe se algo foi colocado na bebida dela e não soube precisar quantos homens cometeram a violência.
Universitária tinha acabado de chegar no Brasil. Ela viajaria à Bahia no dia seguinte e pretendia passar um ano no país para aprender português.
Autores ainda não foram identificados. Ao UOL, a Polícia Civil do Rio de Janeiro informou que as imagens de câmeras de segurança do local são analisadas para tentar identificar os suspeitos do crime.
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Quero receberA violência sexual contra a mulher no Brasil
No primeiro semestre de 2020, foram registrados 141 casos de estupro por dia no Brasil. Em todo ano de 2019, o número foi de 181 registros a cada dia, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 58% de todos os casos, a vítima tinha até 13 anos de idade, o que também caracteriza estupro de vulnerável, um outro tipo de violência sexual.
Como denunciar violência sexual
Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.
Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.
Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.
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