Conteúdo publicado há 1 mês

Empresa afasta homem que assediou nutricionista no elevador no CE

O homem que apalpou uma nutricionista dentro de um elevador foi afastado da empresa onde trabalhava em Fortaleza (CE).

O que aconteceu

Israel Leal Bandeira Neto, que é sócio da empresa, foi afastado de "imediato e em definitivo" ontem, afirma a M7 Investimentos. A empresa associada da XP fez o anúncio por meio de nota nas redes sociais. O homem era um dos "agentes autônomos de investimentos", dizem.

A empresa também disse repudiar qualquer ato de violência, abuso ou importunação. A M7 explicou que a decisão foi tomada logo após terem conhecimento do episódio e com a intenção de coibir atitudes que não estejam alinhadas com princípios de respeito a todas as pessoas.

A defesa de Bandeira Neto foi contatada, mas não se posicionou até o momento. Ele ainda não se apresentou à polícia. É esperado, porém, que ele deponha amanhã.

A XP está sendo alvo de críticas nas redes sociais pela associação com a M7 Investimentos. Procurados, a XP informou que não irá comentar o caso.

Entenda o caso

O caso aconteceu no dia 15 de fevereiro. No vídeo, é possível ver que a jovem tem as partes íntimas tocadas no momento em que saía do elevador. Ela estava sozinha com o homem, que, após apalpá-la, volta para o elevador e aperta o botão para fechar a porta.

Após o ato, a vítima diz "você está louco?" para Israel Leal Bandeira Neto, que vai para outra garagem e foge. A mulher começa a pedir ajuda para os funcionários do prédio comercial, relatou o advogado da vítima, Raphael Bandeira, que a representa junto ao sócio David Isidório.

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Polícia investiga o caso como importunação sexual e já está na fase final do inquérito. As investigações são feitas pela Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza, confirmou a Polícia Civil do Ceará.

"Quando aconteceu, fiquei em choque, sem acreditar", escreveu vítima. A nutricionista publicou os vídeos para os melhores amigos do Instagram, diz advogado, e compartilhou que se sentiu "impotente" diante da agressão.

Mulher não conhecia o homem e tentou evitar exposição nas redes, diz defesa. Ao UOL, Raphael Bandeira explicou que a vítima disse mexer no celular enquanto descia para a garagem justamente para amenizar o desconforto de estar sozinha em um ambiente com um homem.

Vítima pretende pedir indenização por danos morais. O advogado explica que, além da situação vexatória à qual sua cliente foi exposta, ainda mais após a divulgação massiva do vídeo, a intenção é ressaltar o "viés pedagógico" do processo: um homem com acesso a educação e a uma boa condição de vida também comete atos criminosos contra mulheres, argumenta Bandeira.

Como denunciar importunação sexual

No Brasil, todo ato sexual sem consentimento é crime. Toques sem permissão, passadas de mão, encoxadas, tentativas de beijo forçado e também casos em que há masturbação ou ejaculação diante da vítima são considerados importunação sexual.

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A lei, em vigor desde setembro de 2018, define como crime qualquer ato libidinoso praticado contra alguém e sem a sua anuência. A pena é de 1 a 5 anos de reclusão.

A diferença com relação ao estupro é que, neste, há violência ou grave ameaça. E é considerado estupro de vulnerável — crime ainda mais grave — todo ato libidinoso com menores de 14 anos ou com quem, "por enfermidade ou deficiência mental, não tem o discernimento para a prática do ato, ou não pode oferecer resistência". No assédio sexual, é preciso haver relação hierárquica.

Caso a vítima tenha sofrido violência sem ferimentos graves, ela pode recorrer imediatamente a Delegacia da Mulher, se existir essa unidade em seu município, ou a delegacia de Polícia Civil, para registrar o boletim de ocorrência.

É indicado reunir testemunhas e apontar eventuais câmeras de segurança, se houver. Mas, como muitas vezes o crime não fica registrado e nem é visto por mais ninguém, a palavra da vítima é considerada suficiente para fazer o registro.

Disque 190

Deve ser acionado em caso de flagrante ou em que a situação de violência esteja ocorrendo naquele momento.

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Disque 180

A Central de Atendimento à Mulher funciona 24 horas. A ligação é gratuita, anônima e disponível em todo o país.

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