BBB: Vanessa diz que trair é vício; compulsão existe ou é desculpa furada?

Em conversa sobre traição no BBB 24 (Globo), Vanessa Lopes disse que não julga homens que traem. A influenciadora digital justificou a declaração afirmando que acredita que muitos são viciados em trair.

Afinal, compulsão por trair existe?

Acordos entre casais. Embora o senso comum siga um conceito básico do que é traição —se relacionar com outra pessoa mesmo sendo comprometido com alguém—, a infidelidade depende muito do que é acordado entre um casal.

Algumas pessoas, independentemente do status de compromisso ou do acordo feito com o par, não conseguem ser fiéis. Vivem uma espécie de infidelidade crônica que as leva a colecionar casos um atrás do outro, sem jamais se apegarem.

Há diversas explicações por trás desse comportamento, e uma delas é a busca por autoafirmação. Essas pessoas procuram no outro o reconhecimento de que são desejáveis. À medida que conseguem isso, pulam para o próximo parceiro. Elas carregam em si uma necessidade constante de sentirem que têm o poder da sedução. São pessoas de personalidade narcísica, egocêntrica e de sexualidade aflorada.

A forma como nos vemos também pode interferir diretamente nessa conduta. Quem tem baixa autoestima pode trair de maneira crônica, também com o objetivo de autoafirmação. Inclusive, com a chegada da internet e o crescimento das redes sociais, esse comportamento se acentuou.

Portanto, em alguns casos, a infidelidade crônica pode ser encarada como uma compulsão. Neles, a razão para viver é a obsessão pelo sexo, pela infidelidade e uma busca pelo prazer sem limites. Nessas circunstâncias, a pessoa pode não ter clareza de que é doente e, assim, vive normalmente com uma "desculpa" para não entrar em contato com seu comportamento, se cuidar e tratar.

A compulsão ou vício em sexo também pode ser um TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), que requer ajuda profissional e tratamento com um psicoterapeuta para se conhecer melhor e identificar os mecanismos inconscientes que levam à mania de trair. Nos casos mais extremos, medicamentos são prescritos para amenizar a ansiedade.

Ausência de culpa. Mesmo sabendo que trair não é correto, pelo menos sob o ponto de vista moral, e que essa atitude machuca o outro, quem comete uma infidelidade atrás da outra nem sempre costuma sentir culpa, principalmente as que apresentam um comportamento sedutor compulsivo.

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No caso da traição masculina, há ainda um "amparo" pela cultura machista, que afirma, de forma equivocada, que isso faz parte da "natureza" do homem. Para quebrar esse padrão, é necessário reconhecer que o comportamento prejudica o outro e, consequentemente, a relação —mas só dará certo se houver reconhecimento da necessidade de mudança.

Fontes: Ana Maria Fonseca Zampieri, mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP e autora do livro "Erotismo, Sexualidade, Casamento e Infidelidade" (ed. Ágora); Joselene L. Alvim, psicóloga clínica e especialista em neuropsicologia pelo setor de Neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; Ivete Soares, psicóloga e sexóloga; Sandra Samaritano, psicóloga e terapeuta de casais.

*Com reportagem publicada em 04/08/2019

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