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'Me senti suja', diz psicóloga após homem se masturbar em ligação

Gabrielly Forte relatou nas redes sociais o assédio que sofreu durante uma ligação telefônica - Reprodução/Instagram
Gabrielly Forte relatou nas redes sociais o assédio que sofreu durante uma ligação telefônica Imagem: Reprodução/Instagram

De Universa, em São Paulo

02/02/2023 04h00Atualizada em 02/02/2023 15h57

A psicóloga Gabrielly Forte relatou que foi assediada por um homem que se masturbou enquanto a questionava sobre o seu trabalho durante uma ligação telefônica. "Me senti suja e me dói por ser mulher", disse a profissional de Rondônia a Universa. O caso ocorreu na última quinta-feira (26).

Segundo a mulher, no fim de dezembro, ela recebeu mensagem no Instagram, plataforma que ela usa como portfólio de trabalho, quando um homem lhe perguntou como funcionava a terapia, já que ele estaria com um "problema". Gabrielly explicou que poderia marcar uma conversa para tirar as dúvidas, pegaria os dados do paciente e seria agendada uma videochamada.

A profissional conta que o homem desconversou, disse que "precisaria falar e não saberia se ela atenderia esse caso". Ela respondeu apontando que não faz atendimento por redes sociais e o homem disse que era viciado em pornografia e masturbação. Diante dessa mensagem, ela entrou no perfil dele e viu que ele não seguia ninguém e que, provavelmente, seria fake e decidiu bloqueá-lo.

Na última quinta-feira, porém, Gabrielly conta que estava se preparando para atender uma cliente em sua clínica, quando o seu celular começou a tocar com um número desconhecido no DDD 81. Ela pensou ser cobrança, mas o aparelho tocou novamente e ela decidiu atender, já que poderia ser algum dos clientes que ela atende em todo o Brasil.

"Eu atendi e a pessoa falou 'oi, boa tarde. Me chamo Fábio, eu vi que você é psicóloga e queria saber do atendimento online'. Passei o protocolo, fiquei feliz por estar recebendo um paciente. Ele falou 'estou muito angustiado porque eu não consigo dormir'. Eu disse que a terapia ajudaria e que ele poderia me chamar no WhatsApp para passar os valores. Aí o homem disse: 'deixa eu falar a minha demanda para eu ver se você entende ou não'. Eu disse que não poderia dar consulta sem fazer os protocolos. Ele disse que tinha vício em pornografia e masturbação. E eu falei que precisava desligar. Ele respirou fundo e disse 'já estou finalizando'."

Quando ele falou isso me deu um puta gatilho porque eu entendi o que estava acontecendo. Na hora eu desliguei, comecei a chorar, me senti uma trouxa, invadida. Porque eu estava ali como profissional e aquela pessoa estava ali me assediando. Foi horrível.
Psicóloga Gabrielly Forte

A Universa, ela contou que se sentiu "suja, se esfregava" no banho, se questionando sobre o porquê desse homem ter feito isso.

Apoio

Após o episódio, ela enviou uma mensagem no grupo de profissionais da área e foi instruída a fazer um boletim de ocorrência.

Depois de divulgar o episódio na internet, Gabrielly conta que outras mulheres relataram histórias de assédio parecidas com o seu caso. Ela afirmou que também recebeu apoio dos internautas.

'Pretendo parar de atender homens'

À reportagem, Gabrielly disse que pretende parar de atender homens após o episódio, ressaltando que quase toda suas clientes são mulheres e foca na saúde feminina.

"Todos pacientes que atendi essa semana falaram que 'olha, eu já passei por algo parecido no trabalho, minha amiga'. Então, se você não passou por assédio no trabalho, você conhece alguém que já passou ou presenciou algo assim."

Gabrielly registrou um boletim de ocorrência.

A Polícia Civil de Rondônia informou que o caso foi registrado por meio de um boletim de ocorrência online e encaminhado à Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher para apuração. A reportagem questionou a corporação se algum suspeito já foi identificado, mas ainda não obteve retorno.