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Maçonaria feminina existe? Mulheres não são proibidas de frequentar templos

Imagem de OpenClipart-Vectors por Pixabay
Imagem: Imagem de OpenClipart-Vectors por Pixabay

Franceli Stefani

Colaboração para Universa, em Porto Alegre

04/10/2022 16h49

A maçonaria feminina é realidade em diversos países espalhadas pelo mundo, embora seja menos difundida do que a dos homens, prega os mesmos valores: família, fidelidade, devotamento à Pátria, obediência à lei e dedicação à comunidade. É o que informa o site da Grande Oriente do Brasil - Paraná, através da Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul, que é vinculada às Lojas Maçônicas. O trabalho desenvolvido é especialmente filantrópico e social.

De origem francesa, surgida na idade média, a maçonaria é uma instituição essencialmente filosófica, filantrópica, educativa, que busca o progresso e o constante aperfeiçoamento dos seus membros. É dessa forma que caracteriza o termo, a Grande Oriente do Brasil (GOB), a mais antiga associação de lojas maçônicas brasileiras.

O interesse pelo assunto surgiu após um vídeo antigo do presidente Jair Bolsonaro (PL) viralizar nas redes sociais. As imagens mostram o candidato à reeleição discursando em uma loja maçônica. Não há como precisar quando o ato ocorreu.

O teólogo e escritor, Helio Teixeira, que tem doutorado em Teologia pela Faculdades EST, explica que a posição das mulheres no seio da maçonaria reproduz os mesmos contornos da luta pela igualdade em outros organismos das sociedades modernas. "Elas não são aceitas num primeiro momento, mas se dedicam às causas de modo semelhante ou, por vezes, mais aguerridamente do que os homens; sendo, porém, excluídas do prestígio adequado", afirma.

Teixeira explica que há muitas associações de mulheres maçônicas pelo mundo, inclusive no Brasil. De acordo com ele, uma das mais famosas é a Ordem Internacional das Filhas de Jó (OIFJ), que surgiu na primeira metade do século 20, na cidade de Omaha, no Estado de Nebrasca, sob a liderança de Ethel T. Wead Mick.

O teólogo explica que há lojas desses grupos com atividades promovidas por mulheres e reuniões semelhantes às dos homens. "Como toda e qualquer organização nos moldes da tradição ocidental, existem grupos mais progressistas e grupos mais conservadores". De qualquer modo, segundo o estudioso, a maçonaria sempre teve "posição clara contra a presença de mulheres nos seus templos, havendo figuras conhecidas favoráveis e contra a inclusão das mulheres".

Mulheres eram proibidas de frequentarem os templos

Na sociedade, ainda há muito preconceito em torno do tema. No senso comum, muitas lendas foram criadas em relação à maçonaria, entre as principais, a relação da organização com o satanismo. Entende-se que estas alusões, ainda que veemente negadas pelos líderes maçons, de algum modo estão incutidas no imaginário popular.

O teólogo relembra que no passado, as mulheres eram incluídas nas listas de indivíduos a serem proibidos de frequentarem os templos. "Assim como escravizados e pessoas com deficiência, indivíduos com passado criminoso e homens inférteis, etc. A maçonaria é hoje, junto a determinadas religiões e instituições do próprio Estado, organismos sociais que passam por mudanças e que vão aos poucos se abrindo para a presença das mulheres".

Ele complementa que isso só aconteceu pela luta feminina "em serem incluídas e não mais ficarem à margem, como bem demonstra o estatuto das filhas de Jó, que é a persistência".