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Marca de empresária de 95 anos faz sucesso com fabricação de chás em SP

Ume Shimada, criou empresa de chás artesanais Sítio Shimada - Reprodução/@ochaeumaviagem
Ume Shimada, criou empresa de chás artesanais Sítio Shimada Imagem: Reprodução/@ochaeumaviagem

Ed Rodrigues

Colaboração para Universa, de Recife

16/05/2022 04h00

Ume Shimada, 95, é chamada de obaatian, que significa avó em japonês, por seus familiares. E é da família que vem também a tradição na fabricação de chás, consolidada pela marca que leva o sobrenome dela: Sítio Shimada. Localizado em Registro, interior de São Paulo, o sítio foi herança do esposo de Ume, Akira Shimada. No terreno, ele plantava Camellia sinensis, erva medicinal usada para fazer chá. Até o ano de 2010, as folhas eram vendidas a uma fábrica da região, que interrompeu o negócio repentinamente. Foi quando Ume resolveu fazer seus próprios chás de maneira artesanal e, com sua visão de negócio, repaginou a marca. Deu tão certo que os produtos, além de virarem referência em produção de chá no Brasil, são comprados até por outros países.

O sítio e a plantação estão com a família há cinco gerações. Atualmente, tocam a marca Teresinha Shimada, 67, e Samira Emy, 39, filha e neta de Ume, respectivamente. Pela idade avançada, a obaatian agora acompanha o esforço à distância, mas segue opinando sobre os melhores caminhos a serem tomados. É Teresinha quem toma conta de toda a parte administrativa —inclusive da divulgação, pois Ume não dá mais entrevistas desde que a filha assumiu a gestão.

"Ela se afastou um pouquinho. Isso não quer dizer que abandonou, pois sempre está presente. A transição aconteceu naturalmente. Ela tinha controle de tudo, mas eu entendia o sítio como um todo. Em concordância com meus irmãos, fui assumindo. Ela é uma pessoa muito ativa ainda. Dá as ideias, e se não sai de acordo com que pediu, ela fala: 'não era isso que eu queria' e me dá um puxão de orelha", diz a filha.

Teresinha e a mãe, Ume, na plantação de chás da família - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Teresinha e a mãe, Ume, na plantação de chás da família
Imagem: Arquivo pessoal

Atualmente, o Sítio Shimada vende para todo o Brasil, por meio de seu site, e tem revendedores em 11 estados. A marca já exportou para Inglaterra e Estados Unidos. Todos os anos, desde 2015, é convidada a participar do Festival de Chá em Aichi, no Japão.

Fábrica artesanal virou principal negócio da família

"Em 2014, montamos uma fábrica artesanal de chá para a minha avó. Ao experimentarmos o chá preto feito aqui, toda a família concordou que precisávamos vendê-lo, pois era muito gostoso. Minha avó acompanhou tudo de perto", diz Samira. "Atualmente, minha mãe é a responsável pela administração do negócio."

Ela explica que cada familiar tem uma função no sítio. Seu pai é o engenheiro agrônomo e ajuda em tarefas do dia a dia, junto com um tio. Samira cuida do atendimento ao cliente e das vendas e acompanha o processo de produção.

O sucesso de hoje só é possível graças ao trabalho e dedicação da família. Atual administradora do sítio, Teresinha, filha de Ume, conta que o negócio enfrentou muitas dificuldades para emplacar o empreendimento no segmento.

Foi a mãe, segundo Teresinha, que sempre dava ideias para serem colocadas em prática e fazer o negócio caminhar. E conta que sempre foi assim. "Como empreendedora, ela tinha suas próprias ideias. Em concordância, meu pai e nós obedecíamos. Ela também é muito carismática, querida por todos. Então é muito exigente e, ao mesmo tempo, alegre e carinhosa. Até hoje conquista todos que a conhecem", disse.

Após o início da produção do chá preto em maior escala, Teresinha ampliou o leque de produtos: o sítio passou a produzir chá verde, chá branco, chá preto defumado e chá dourado.

"O Sítio Shimada, como marca de chás, cresceu muito rápido. Inicialmente, nossa marca era Chá Obaatian, e a família se esforçou muito para divulgar, vender em feiras. Tivemos muita ajuda de profissionais e amantes do chá tanto na divulgação quanto na melhoria dos produtos e criação dos novos. Temos muito a agradecer essa parceria e divulgação espontânea de pessoas que se apaixonaram por nossos chás e nossa história", diz Teresinha.

"Minha mãe sempre se dedicou ao trabalho com muito amor. Ela sempre diz 'o serviço ensina'. Outras vezes, ela diz 'tempo é ouro'. Acho que é de onde vem a coragem para tantas mudanças. Enquanto todos estavam cortando os pés de chá, ela abraçou o pé de chá e chorou. Dizia que não queria dinheiro queria manter o chá porque o chá é relíquia de Registro", acrescentou.