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Mulher é agredida com soco inglês e cassetete por 3 dias e namorado é preso

Um soco inglês e um cassetete foram usados para agredir a vítima, de 37 anos - Reprodução/Whatsapp
Um soco inglês e um cassetete foram usados para agredir a vítima, de 37 anos Imagem: Reprodução/Whatsapp

Marcela Lemos

Colaboração para Universa, no Rio de Janeiro

04/05/2022 20h29Atualizada em 05/05/2022 18h26

Uma jornalista de 37 anos foi torturada com cassetete e soco inglês enquanto era mantida em cárcere privado, por três dias, em um apartamento em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. A residência pertence ao então namorado de Ana Luiza Dias, Fred Henrique Lima Moreira, investigado pelo crime e preso ontem pela Polícia Civil. Contra ele, foi cumprido um mandado de prisão temporária por tentativa de feminicídio, estupro, cárcere privado e tortura.

A jornalista sofreu traumatismo craniano, fratura da mandíbula, além de apresentar diversos hematomas pelo corpo. A maioria dos golpes sofridos foi na região da cabeça. Em entrevista à TV Globo, ela disse que temeu morrer.

De acordo com a polícia, as agressões começaram no último dia 26, quando a mulher foi até a casa do namorado. Após ouvir acusações de infidelidade, ela foi agredida com um cassetete nas pernas, nas costas e na cabeça. A vítima chegou a perder a consciência.

Segundo depoimento da vítima, ela passou a primeira noite desacordada. Ao acordar, a mulher tentou gritar por ajuda, mas percebeu que havia fraturado o maxilar — o que a impedia de falar e mastigar. Então, teria sofrido uma nova agressão: um mata-leão, que se repetiu nas outras duas vezes em que tentou pedir socorro.

Ainda de acordo com depoimento da vítima à polícia, no terceiro dia, a jornalista tentou fugir, correndo em direção à porta do apartamento, mas foi impedida pelo homem, que a teria puxado pelos cabelos e arremessado no chão, além de aplicar mais golpes na cabeça da mulher até que ela desmaiasse.

A jornalista teria aproveitado um momento de distração em que a porta foi esquecida aberta, no último dia 29, para conseguir fugir. Ela seguiu direto para a delegacia de Copacabana para registrar um boletim de ocorrência.

Fred foi preso ontem na Rua Barata Ribeiro e não ofereceu resistência à prisão. Na casa dele foram apreendidos o cassetete, o soco inglês e também um simulacro de pistola. As armas foram reconhecidas pela vítima.

Outras agressões

De acordo com a Polícia Civil do Rio, o casal estava junto há 8 meses — período no qual Fred já demonstrava um perfil violento. Ele já havia agredido a namorada no dia 31 de dezembro. No entanto, a jornalista não fez registro criminal.

Segundo depoimento da vítima, ele a manipulava alegando que havia sofrido muito na infância para justificar o descontrole e a agressão.

A polícia descreveu Fred como "um homem altamente perigoso tendo uma extensa relação de anotações criminais". Entre os crimes cometidos por ele estão três anotações de violência doméstica, tráfico de drogas, associação ao tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, ameaça, resistência, dentre outras.

Universa fez contato com o advogado de defesa de Fred. Dejair Rodrigues dos Santos negou que a mulher estava em cárcere privado e disse que aguarda os exames do hospital para comprovar o traumatismo craniano e a fratura de maxilar mencionada pela vítima. Ele ainda não teve acesso a todo o processo e mencionou um "desentendimento entre eles".

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.