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De desconforto a inibição: saiba quando a terapia sexual é recomendada

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Imagem: Freepik/Rawpixel.com

Heloísa Noronha

Colaboração para Universa

25/11/2020 04h00

A sexualidade é um dos pilares de uma boa qualidade de vida. Por isso, qualquer problema relacionado à vida sexual pode afetar bastante a rotina de homens e mulheres, solteiros ou casados. Nada mais eficaz, portanto, do que buscar um profissional qualificado e fazer terapia sexual.

Mas quais os casos mais indicados e recomendados? Especialistas dão 7 exemplos a seguir:

1. Desconforto ou incômodo no sexo: se a dificuldade for apenas ocasional, não exige acompanhamento profissional. Porém, se um casal enfrenta contratempos em todas as vezes em que vai para a cama - falta de libido, sensação de que o sexo vem ocorrendo de forma mecânica, falta de química - é importante buscar um terapeuta.

2. Inibição orgástica: é como especialistas chama a ausência ou a dificuldade de chegar ao orgasmo, que pode afetar homens e mulheres, pelos mais diversos motivos: educação repressora e distorcida na infância, falta de conhecimento da resposta sexual e do próprio corpo, dificuldade em se masturbar ou distorções no significado de sexualidade. Por esse motivo, nem sempre é preciso estar numa relação afetiva para buscar a ajuda de um terapeuta sexual.

3. Expectativas diferentes em relação ao sexo: Alguns casais enfrentam dificuldades relacionadas às ideias e crenças que cada um dos membros traz para a relação, sobretudo sobre o que significa ter prazer. Quando as expectativas são díspares, podem ocorrer problemas relacionados com o entendimento que cada um tem em termos de manifestação e recebimento de afeto e atenção - e isso, na maior parte das vezes, também tem a ver com a forma como interagem fora da cama, o que envolve carícias, abraços, beijos, etc.

4. Disfunções sexuais: a disfunção erétil, por exemplo, pode ser tratada em alguns casos em casal, pensando e trabalhando a maneira como as relações sexuais acontecem, os pontos de excitação de ambos e sensações afetivas e corporais que são despertadas. A ejaculação precoce, o vaginismo e a dispareunia (dor feminina durante a relação) também costumam ser tratadas as dois, o que é importante para não eleger um culpado e entender como funciona a dinâmica do par e no que ela pode melhorar. O terapeuta pode avaliar as causas psicológicas, enquanto urologista e/ou um ginecologista diagnosticam possíveis questões orgânicas e físicas.

5. Questões cotidianas que afetam a qualidade da vida sexual: em um relacionamento estável e/ou longo é comum que fatores rotineiros sejam incorporados no dia a dia, atrapalhando o desejo e o contato com a sexualidade: boletos para pagar, compras no supermercado, tarefas domésticas, problemas profissionais... Tudo isso pode desfocar a atenção do casal e até mesmo levar a conflitos que impactam diretamente na libido e na performance. Tratar esse ponto na terapia é muito produtivo, pois resgata e aprimora a visão que cada um tem do parceiro, fortalecendo o apetite sexual.

6. Comunicação truncada: raiva acumulada, traição mal resolvida, ressentimentos, mágoas guardadas, culpas, segredos... Tudo isso dificulta o diálogo entre o casal, resultando num sexo de má qualidade. Se o casal não consegue conversar de maneira franca, como pode expor desejos e fantasias? Quando a comunicação é o ponto-chave da falta de cumplicidade e intimidade do par na cama, é comum que seja aconselhada uma terapia de casal prévia para que os dois possam se abrir, aprender a solucionar problemas e enfrentar certas dificuldades que e refletem na vida sexual. Só depois, então, entra em cena a terapia sexual e suas ferramentas.

7. Estresse pós-traumático: para as mulheres, é um dos principais motivos para buscar a terapia sexual, pois trata-se de umas situações mais sensíveis e que mais exigem atenção e apoio de um profissional qualificado. Pode ser feita paralelamente à terapia convencional. É necessário entender primeiramente a marca que o abuso/violência sexual causou e seus efeitos na sensação e na busca pelo prazer, resinificando o trauma (que pode ter acontecido há muitos anos).

Fontes consultadas: Carla Cecarello, psicóloga, sexóloga, consultora do site C-Date e fundadora da ABS
(Associação Brasileira de Sexualidade); Giovane Oliveira, sexólogo e um dos apresentadores do podcast DSex, e Lucila Santos Oliveira, psicóloga, professora de TCC (Terapia Comportamental-Cognitiva) e terapeuta em sexualidade da plataforma Sexo sem Dúvida.