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Igreja da Polônia quer criar clínicas de terapia de conversão para LGBTs

Igreja da Polônia recomenda abertura de clínicas de terapia de conversão - David McNew/Getty Images
Igreja da Polônia recomenda abertura de clínicas de terapia de conversão Imagem: David McNew/Getty Images

De Universa, em São Paulo

31/08/2020 08h35

A KEP (Igreja Episcopal da Polônia, na sigla em polonês) lançou um documento recomendando a criação de clínicas que "ajudariam pessoas LGBTQ+ que desejarem retomar sua saúde e orientação sexual natural".

A linguagem do documento sugere um processo de terapia de conversão, prática que tenta reverter a orientação sexual de pessoas LGBTQ+. O próprio documento da KEP reconhece que este tipo de tratamento "vai contra a evidência considerada científica".

No texto, elaborado na primeira convenção de bispos da KEP realizada durante a pandemia da covid-19, os religiosos escrevem que o objetivo das clínicas seria "fazer com que as pessoas [LGBTQ+] entendam que sua orientação sexual é um sintoma de feridas em vários níveis de sua personalidade".

A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que a orientação sexual de um indivíduo, por si mesma, nunca deve ser tratada como um distúrbio psicológico — citando inclusive que, ao contrário disso, algumas pessoas podem apresentar um desejo de reverter sua orientação sexual natural por causa de pressões sociais ou distúrbios psicológicos não associados.

Polônia

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Andrzej Duda, presidente da Polônia eleito para segundo mandato com plataforma homofóbica
Imagem: Reprodução

Em contradição à sua defesa da prática, o documento da KEP condenou a violência contra pessoas LGBTQ+ que se alastra pelo país. "A exigência de respeito a todas as pessoas, incluindo aquelas que se identificam desta forma, está inteiramente correta", diz o texto.

Os direitos LGBTQ+ sofreram golpes duros na Polônia nos últimos meses. O presidente Andrzej Duda foi reeleito para um novo mandato usando uma plataforma com várias posições homofóbicas, incluindo a promessa de retirar conteúdo LGBTQ+ dos materiais escolares.

Enquanto isso, várias cidades polonesas se declararam "zonas livres de LGBTs". Embora seja largamente simbólica (não há determinação judicial oficial para que pessoas LGBTQ+ sejam expulsas dessas cidades), o rótulo serve para intimidar cidadãos e turistas.

Durante protestos pacíficos no começo do mês, quase 50 ativistas LGBTQ+ foram presos pela polícia polonesa.