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'Criei lingeries plus size por não ter o que vestir. Hoje, sou empresária'

Divulgação
Imagem: Divulgação

Marcos Candido

De Universa

14/02/2020 04h01

Há cinco anos, a empresária Allyne Turano viajou mais de 3 horas de transporte público para ir do Rio de Janeiro a Nova Friburgo atrás de uma lingerie. Ela tinha acabado de se casar e queria uma peça bonita para usar. Nada mais justo, mas Allyne não encontrou o que queria.

"Precisei me espremer para caber em tudo que comprei na única fábrica plus size — que vendia em atacado — que me foi indicada", lembra. As peças ficaram guardadas em uma mala. Mas Allyne ficou com uma pulga atrás da orelha: o que ela poderia fazer com as roupas que sobraram?

Assim, a professora de inglês criou a GG.rie, uma marca de lingeries plus size com numeração dos 46 aos 58. O negócio começou com R$ 1 mil emprestados pela mãe de Ally e, hoje, tem uma venda online média de R$ 1.500 por semana. Atualmente, são 60 modelos de sutiãs, conjuntos, body, meia e roupas para dormir. A meta é alcançar 150 tipos de peça até o final de 2020.

O negócio evoluiu. Além da loja virtual, a empresa tem um espaço no centro do Rio de Janeiro. No mesmo ponto, foi criado o Espaço GG.rie, uma espécie de coworking onde marcas plus size pagam para compartilhar o local. As instalações são adaptadas: os provadores são maiores e o ar-condicionado é reforçado para deixar mais à vontade as mulheres maiores, que podem sentir calor mais rapidamente.

À frente da GG.rie, Allyne pôde compreender as dificuldades de ser uma mulher gorda. Embora ela mesma se identifique assim, desde os 14 anos ela nunca abriu mão de usar biquíni da praia e ter uma relação saudável com o próprio corpo. O problema, diz, eram as roupas minúsculas do fast-fashion.

Elas se sentem lindas!

Allyne ama ser professora e continua a dar aulas. O investimento no negócio surgiu da necessidade de atender a demanda de um público como ela e como complemento de renda — a iniciativa que cresceu e deve obrigá-la a abandonar as aulas até o final deste ano.

Como o negócio é feito via Instagram, vez ou outra aparece um engraçadinho com mensagens de ódio — mas é possível contar estes casos nos dedos. Influenciadoras fazem fila para serem modelos da marca. "Uma gorda empoderada incomoda demais, mas meu trabalho é validado pelas dezenas de mensagens de mulheres que finalmente encontraram uma peça para se sentirem lindas", conclui.