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Esquecer o ex: entenda porque você ainda não superou e como seguir a vida

O luto muda em três meses desde o rompimento - Istock
O luto muda em três meses desde o rompimento Imagem: Istock

Geiza Martins

Colaboração para Universa

30/03/2018 04h00

Quem nunca sofreu uma dor de cotovelo ao terminar um casamento, namoro, rolo... que atire a primeira pedra! Viver é se apaixonar, criar laços afetivos e curtir tanto uma pessoa a ponto de achar que não consegue viver sem ela. Porém, quando tudo acaba, ficamos no olho do furacão. Parece que não existe possibilidade de apagar o ex-amor do seu pensamento. Mas dá sim para tocar a vida em frente!

Um dos motivos dessa fase ser tão difícil é físico mesmo. Segundo um estudo publicado pela revista "PLOS ONE", o amor funciona como uma droga em nosso organismo e, quando rompemos, é como se estivéssemos passando por um período de abstinência.

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Biologicamente falando, funciona assim: nós nos apaixonamos e, automaticamente, o nosso corpo produz a dopamina, conhecida como hormônio do prazer, e oxitocina, que é hormônio do apego. Daí, quando terminamos, adeus hormônios. Resultado: o cérebro gera um estado de tristeza e dor --e acontece igualzinho com os dependentes químicos.

Saindo do biológico para o psicológico, segundo a psicóloga e professora do Centro Universitário Celso Lisboa, Ângela Teixeira, existem diversos motivos para não conseguirmos esquecer um ex-namorado. "Desde o simples hábito da convivência até as formas mais profundas de amor e adoecimento", afirma.

Um prazo para o luto?

Sim, podemos chamar assim aquele período em que sofremos para desapegar. A boa notícia é que a ciência garante: esse quadro muda em três meses desde o rompimento. A Universidade do Estado de Minnesota acompanhou 1,4 mil pessoas que haviam terminado o namoro. Os pesquisadores perguntaram a eles semanalmente como estavam se sentindo e descobriram que, em média, todos estavam recuperados em 11 semanas.

Ângela Teixeira afirma que algumas literaturas dão um prazo de mais ou menos um ano. Porém, a própria psicóloga discorda desses fatos científicos. Para ela, desapegar e esquecer é muito relativo. "Para mim não tem prazo. Podemos esquecer num curto ou num longo prazo, ou talvez nunca esquecer. Depende de como essa relação se constituiu", explica.

Ainda assim, fica o aviso. Se o seu rompimento aconteceu há mais de um ano e você ainda sofre demais com isso, é melhor buscar ajuda profissional para tratar essa angústia. "Quando o fato toma conta da rotina pessoal, sem conseguir ter interesse por outras atividades ou pessoas, está na hora de procurar um terapeuta", avida. Uma das terapias mais indicadas é a cognitiva comportamental, que tem uma abordagem mais específica, breve e focada no problema atual do paciente.

Uma questão de atitude

Terminou? O primeiro passo (e o mais importante) é aceitar o fim. Esse definitivamente é o caminho mais curto para uma recuperação. O próprio pensamento de que está superando pode ajudar, viu?

Em seguida, é hora de agir. Trate de se livrar de objetos que trazem lembranças. Quem não quiser jogar no lixo ou dar para alguém (isso é apego, mas ok) pode enfiar tudo numa caixa e esconder em algum lugar. O que vale mesmo é tirar do alcance dos olhos para não ser pega de surpresa.

E como vivemos na era digital, a mesma atitude vale para seu computador, celular, tablet, etc. Cortar contato e excluir o ex das redes sociais não é sinal de imaturidade. "Contudo, para cicatrizar, essa mudança tem que partir de dentro para fora", avisa Ângela. Ou seja, não adianta fazer por fazer. Por isso é tão importante admitir que tudo acabou de fato. Só assim você estará pronta para esquecer o ex.

Você também pode aproveitar os benefícios da web para se distrair e acelerar o processo de esquecimento. Inclusive, alguns apps são feitos exatamente para quem quer apagar a existência dos ex-amores da memória. Um deles é o Rx Breakup, que foi criado pela terapeuta Jane Reardon e a maquiadora Jeanine Lobell. O aplicativo é um programa de 30 dias com tarefas liberadas diariamente para que você lidar com o término.

Não me procures mais, assim será melhor, meu bem

É o que diz o hino do rompimento, "Devolva-me", música cantada por Adriana Calcanhotto. Mas, será mesmo preciso evitar tudo e qualquer contato? Novamente, vai depender da forma como o fim chegou. Se foi um rompimento pacífico, talvez o afastamento total ou muito prolongado nem seja necessário, segundo a psicóloga. "Porém, existem as relações que são extremamente tóxicas. Nessas, temos que manter a distância por tempo indeterminado", completa.

Muitos ex-casais tornam-se amigos. Caso decidam manter contato, o que importa mesmo é compreender que aquela relação que vocês tinham acabou e que uma nova precisa nascer. "Com o tempo, o sentimento pode transformar para amizade e carinho. Contudo, se for uma relação pautada em falta de respeito e afeto, dificilmente a mesma se converterá em uma relação de paz", afirma Ângela.

O perigo da fixação

Além de ser uma atitude passível de julgamento, cuspir no prato que comeu só atrasa a sua vida. É preciso saber diferenciar dor e obsessão, pois essa segunda é uma patologia, segundo a psicóloga. Isso acontece quando a pessoa não faz mais nada na vida a não ser pensar e arquitetar maneiras de atingir o ex. "Aí a situação se complica, não é só amor", comenta Ângela.

De acordo com ela, a pessoa passa a buscar algo que falta internamente e daí a procura é para algo que te falta como se fosse um alimento. "Geram-se diversos sintomas e agravamentos, como angústia, ansiedade e depressão, atingindo o sistema límbico por exemplo, responsável pelas nossas emoções". Daí, é claro, vá buscar ajuda pois romper com alguém causa sim dor, mas não pode dominar a sua vida.