Pode lavar a vagina só com água? Veja se você está limpando certo a sua

"Mana, o melhor jeito é lavar só com água" é o que diz o comentário a um post sobre como fazer a higiene da vagina, em um grupo de mulheres no Facebook. Em outros posts e grupos, falas semelhantes não são difíceis de encontrar. Aparentemente, a ideia de que a área deve ser limpa somente com água tem ganhado fama nas trocas de informações femininas. Mas será que é mesmo o ideal?
Pode parecer assunto simples, mas fazer a higiene errada da região pode levar não só ao mal cheiro, mas também a infecções. Por isso, melhor saber o que as ginecologistas têm a dizer sobre o tema.
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É verdade que a vagina é autolimpante?
Sim e não. Primeiramente, precisamos entender o que você está chamando de vagina. O órgão genital feminino todo tem duas partes: a vagina em si, que é o canal vaginal, interno, e a vulva, que é composta pelos grandes e pequenos lábios e é externa. O canal vaginal, sim, é autolimpante. Ele tem uma flora natural, composta por lactobacilos que mantém o PH ali ácido, em um nível que mata microrganismos como fungos e bactérias. Então, um canal vaginal com o PH regulado se mantém limpo sozinho. Já a vulva, não, ela precisa de uma mãozinha para ser limpa do suor, gordura e sujeiras que podem se acumular ali.
Pode lavar só com água?
É melhor não. A água pode tirar a maior parte da sujeira, como restos de papel, sangue menstrual ou suor. Mas ela não tira a gordura, que se forma naturalmente ali entre os grandes e pequenos lábios. Por isso, é melhor usar um sabonete adequado, de tempos em tempos, para que a substância não se acumule.
Qual tipo de sabonete usar?
O sabonete deve ser líquido, pois os produtos em barra podem acumular sujeira e causar infecções. Além disso, é melhor que tenha o PH parecido com o da vagina, ou seja, ácido. Os íntimos costumam ter esse PH regulado. Mais um fator importante é que ele seja o mais neutro possível. Veja só, neutro não é a mesma coisa que PH básico. Neutro, quer dizer, com o mínimo de cheiros e cores, pois, quanto mais compostos tiver para ficar cheiroso ou colorido, maiores as chances de o sabonete causar alergia. É importante testar e ver qual funciona melhor para você.
Quantas vezes por dia lavar?
Uma ou duas, somente no banho. Mais do que isso pode ressecar e desregular a flora vaginal, que é uma proteção natural, favorecendo o contágio por doenças.
E se o cheiro estiver forte?
É importante saber que a vagina tem um cheiro natural que não é de flores, mas que não é problemático. Você pode sentir esse cheiro quando está sem roupa ou transando. Agora, se o cheiro estiver muito forte e você sentir até de roupa, ou tiver a sensação de que outras pessoas podem estar sentindo, fique alerta.
O suor da virilha com bactérias pode provocar cheiro, daí um banho resolve. Mas doenças como candidíase ou gardnerella também provocam o odor. Então, é bom procurar um médico.
Possa usar a ducha?
Melhor não. A ducha empurra a água com pressão para dentro do canal vaginal. E, em vez de limpar, pode levar sujeira ou microrganismos mais para fundo no canal, favorecendo o contágio por doenças
Lavo dentro do canal também?
Não, como já foi dito, ele se mantém limpo e saudável sozinho, quando regulado. A lavagem com água e sabonete deve ser só na parte externa: grandes e pequenos lábios e virilha. Por dentro, nada de enfiar o dedo, esfregar ou colocar sabonete.
O que acontece se eu não limpar direito?
O acúmulo de sujeira, gordura e suor propicia a presença de bactérias e fungos na região, podendo causar cheiro ruim e também infecção por doenças como a candidíase.
Posso usar lenços umedecidos?
Pode sim, se você não notar nenhum tipo de reação alérgica. Mas é importante saber que a umidade também provoca a proliferação de bactérias. Então, depois de usar o lenço umedecido, seque bem.
E depois do sexo, tem um jeito melhor para lavar?
Com ou sem camisinha, o jeito de lavar continua sendo o mesmo de qualquer outra vez. Usar uma ducha para "limpar" o sêmen pode ter o efeito contrário: você empurra o esperma para o colo do útero, aumentando os riscos de contágio por doenças sexualmente transmissíveis.
Fontes: Ana Katherine da Silveira Gonçalves, membro da Comissão de doenças infecto-contagiosas, da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia; Zsuzsanna di Bello, professora adjunta de ginecologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), e Carolina Ambrogini, coordenadora do Projeto Afrodite, ambulatório de sexualidade feminina da Unifesp.
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