Supermercado usa perucas afro na Black Friday e é acusado de racismo
Para promover a Black Friday, um supermercado de São Paulo fantasiou parte de seus funcionários com perucas afro, no estilo Black Power. O flagra da foto acima foi feito pela jornalista Cristiane Guterres, que publicou a imagem em seu Facebook, junto a uma nota de repúdio, acusando a atitude de racista.
"Não somos fantasia. Caricaturar pessoas negras é mais uma ferramenta de opressão. Estas atitudes são abusivas e nos ridicularizam", aponta Cristiane, que presenciou a ação nesta sexta (24) no Supermercado Extra da rua Frei Caneca, no bairro da Consolação, em São Paulo.
Em entrevista exclusiva ao UOL, ela questionou o fato da peruca black ser usada para fazer graça. "No momento em que a gente está, em que agora nós negros temos voz, estamos falando o que é legal e o que não é. O Extra está usando uma peruca como uma forma de tornar aquilo mais divertido, mais engraçado. Só que engraçado para quem? Desde quando esse cabelo é engraçado?".
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Na mensagem publicada em seu Facebook, a jornalista bateu na mesma tecla "Tenho certeza que não é nem um pouco engraçado para mulheres que, assim como eu, já ficaram ou estão carecas de tanto passar alisante no cabelo porque ouvimos a vida toda que o nosso cabelo era feio, sujo e parecia Bombril".
Respondendo a alguns comentários que discordavam dela e apontavam que poderia ser uma peruca de qualquer cor, Cristiane afirma: "Ninguém ri de uma pessoa por ter cabelo liso, mas fazem isso com quem tem cabelo crespo. Essa é a diferença. Blackface é racismo. E usar uma peruca ou se fantasiar de negro para tirar uma graça disso também é racismo".
À reportagem, Cristiane contou que ficou muito ofendida ao avistar a cena. "Minha infância foi muito dolorida por causa da questão do cabelo. A lembrança que sempre vem é de uma menina negra que se acha feia, com cabelo feio, porque era o que as pessoas me diziam".
Cristiane ainda explica que fez questão de borrar o rosto dos funcionários da imagem na publicação, porque entende que a culpa não é deles. "Eles estão seguindo uma ordem", acredita.
Procurado, o Grupo Pão de Açúcar, responsável pela marca Extra, enviou um comunicado oficial, que afirma: "O Extra esclarece que não houve qualquer orientação para a iniciativa retratada e que o caso apontado foi uma ação particular e pontual ocorrida em uma de suas unidades. Assim que tomou conhecimento, solicitou sua interrupção imediata. A loja lamenta pelo ocorrido e desculpa-se por qualquer ofensa causada. A rede reitera que segue diretriz estratégica da companhia para uma conduta de combate a todo e qualquer tipo de discriminação, promovendo a inclusão de todos os públicos em seu conceito mais amplo".
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