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Prada e Ferragamo chegam tarde e estão com dificuldades no setor de luxo

Um modelo das famosas bolsas Prada - Divulgação
Um modelo das famosas bolsas Prada Imagem: Divulgação

Robert Williams e Chiara Remondini

Bloomberg

27/09/2017 15h23

Enquanto as vendas de bolsas e sapatos com desenhos de cobras da Gucci lideram a disparada do setor de luxo, muitas das concorrentes italianas da marca estão tendo dificuldade para entrar nessa onda.

As ações da Prada, da Salvatore Ferragamo e da Tod's registraram declínios de dois dígitos nos últimos seis meses diante da queda dos lucros e a Giorgio Armani, de capital fechado, está reduzindo sua linha de produção após uma queda de 5% nas vendas no ano passado. Essa fraqueza contrasta com a força renovada das rivais francesas LVMH e Kering, cujas marcas italianas Fendi e Gucci estão na dianteira após vários anos de desaceleração na China.

As empresas de moda de capital aberto da Itália "estão perdendo participação de mercado em uma categoria mais competitiva de calçados e artigos de couro", disse Rogerio Fujimori, analista da RBC Capital Markets.

Empresas como Prada e Ferragamo estão sendo punidas por terem adiado investimentos no comércio eletrônico e por não terem conseguido interpretar as tendências de consumo, como a ascensão dos tênis em detrimento dos sapatos mais formais. Agora, elas estão tentando compensar o atraso repaginando suas estratégias digitais e lançando modelos novos e mais chamativos para competir com as criações atraentes de Alessandro Michele, o estilista da Gucci.

Os acionistas não estão muito convencidos e receiam que as companhias menores, concentradas em apenas uma ou duas marcas, tenham dificuldade para captar os investimentos ou assumir os riscos criativos necessários para se equipararem às rivais de maior crescimento pertencentes aos conglomerados franceses.

No desfile da Prada durante a recente Semana de Moda de Milão, a marca exibiu novas alternativas às sóbrias bolsas Saffiano, incluindo acessórios estampados com desenhos pop-art e incrustados com tachas de metal.

Nos bastidores, a estilista Miuccia Prada evitou dar uma resposta às perguntas sobre se a coleção poderia revigorar as vendas da marca, que vêm em declínio há três anos.

"Eu não quero ser julgada pelas vendas", disse ela. "Minha vida é muito mais importante do que as vendas. Eu nunca penso nisso."

Prada, a empresa, está mais preocupada com a queda da receita. Em uma conferência com analistas e investidores neste mês, o CEO Patrizio Bertelli, que é casado com a estilista, delineou planos para uma reviravolta. Ele pretende transferir mais gastos para comunicações digitais, aprofundar a seleção on-line e expandir o site de comércio eletrônico para mais mercados, incluindo a China. A marca também começará a oferecer mais tênis, disse ele.

Na Ferragamo, o CEO Eraldo Poletto está sendo pressionado a promover uma reviravolta um ano depois de ter assumido o comando. O crescimento da receita da fabricante dos sapatos Vara e mocassins com freio de cavalo, com sede em Florença, na Itália, caiu para menos de 1% em 2016, quando a marca foi atingida pela diminuição do fluxo de turistas e pela desaceleração do crescimento da China.