Ele perdeu 45% do cérebro e usa a web para evitar que a história se repita

“Deixa eu contar um pouco da história. Estava alcoolizado e decidi pegar a minha moto para ir em uma festa. Bati (obviamente) em um táxi e voei. O capacete saiu na hora. Bati a cabeça na guia. Resultado: traumatismo cranioencefálico”, assim começa o primeiro post do paulistano Caio Branco, 22 anos, na página “Caio na Real”, que ele próprio criou no Facebook para alertar para o perigo de dirigir alcoolizado e mostrar sua recuperação.
A narrativa se torna ainda mais surpreendente quando se sabe em que condições ele chegou ao hospital. “Os médicos me disseram que ele tinha apenas 6% de chance de sobreviver.
Perdeu 45% do cérebro. Mesmo após ter resistido à primeira cirurgia, só ouvia que ele vegetaria, não andaria, não falaria, não enxergaria”, conta a decoradora de casamento Marcia Branco, mãe de Caio.
As conquistas são imensas, ainda mais quando se recupera a trajetória dele até aqui. Após sofrer o acidente, Caio ficou dois meses em coma. “Minha vida girava em torno de a PIC [pressão intracraniana] subiu, a PIC desceu. Caio teve parada cardíaca, convulsões, pegou uma infecção por bactéria, teve pneumonia. Todo dia no hospital era ‘quase morreu’”, fala Marcia.
Coragem em família
A mãe fala que foi a coragem da família em lutar por Caio que tem proporcionado a ele se reabilitar. “Minha filha [Alessandra, 24] interrompeu um intercâmbio no Canadá e voltou para o Brasil. Enquanto eu trabalhava, ela ficava com o irmão à tarde, no hospital. Meu filho mais velho [Fernando, 28] cuidou de todos nós. Foi positivo o tempo todo.”
Marcia diz que nunca foi religiosa, mas, no momento em que o filho passava pela cirurgia que seria decisiva para definir se ele morreria ou viveria, foi levada por uma amiga a uma igreja. No lugar, uma senhora de 85 anos e um senhor de 87 estavam casando. “Pensei: ‘Isso é vida’ e pedi a Nossa Senhora que me entregasse meu filho vivo.”
A decoradora fala que as intercorrências foram passando, mas Caio não acordava. Um dia, ela teve um estalo e se lembrou de que ele já havia superado um coma. “Quando ele tinha três meses, do nada, ele entrou em coma. Ficou dez dias internados e saiu do hospital, sem sequelas, mas também sem diagnóstico.”
Decidida a provar que o filho estava voltando do coma, a decoradora gravou um vídeo no celular. “Quando mostrei a elas, foi uma emoção tão grande.”
Caio foi para casa com um sistema de “home care” (cuidados hospitalares em domicílio) –o qual ainda mantém, mas em uma versão mais simplificada-- porque respirava com ajuda de aparelho.
“Falaram que o Caio ia demorar seis meses para respirar sozinho. Em um mês, ele conseguiu. Não fico pensando em prognósticos daqui para a frente, mas tenho certeza de que ele vai voltar a andar”, fala Márcia.
Por meio do aplicativo Whatsapp, Caio conta ao UOL que teve seus momentos de se perguntar a razão de tudo o que aconteceu com ele. "Agora sigo muito positivo e parei de me perguntar isso. Aceitei que foi uma coisa que vai me deixar um cara melhor e mais feliz no futuro."
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