Nova Globeleza vai mudar estereótipo da mulher brasileira, diz socióloga
Desde 1991, a Globo elege uma mulher para ser a musa do Carnaval da emissora, a Globeleza. A personagem, sempre negra, aparecia sambando com pouquíssima ou nenhuma roupa, apenas coberta por pintura corporal. Porém, 26 anos depois de seu lançamento, o canal de TV resolveu mudar: vestiu a Globeleza. Além de mostrar casais de mestre-sala e porta-bandeira, de frevo e outras "variantes" do Carnaval brasileiro. "Ainda bem que isto aconteceu. É bom que eles [A Globo] estejam mostrando exatamente como é o Carnaval brasileiro", opina a doutora Rosana Schwartz, professora de sociologia e líder do Núcleo de Estudos de Gênero, Raça/Etnia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo (SP).
A mudança na vinheta de Carnaval foi muito bem aceita por pessoas envolvidas na militância negra e dos direitos da mulher. Por quê? Segundo Schwartz, "você sabe os avanços da história pela representação do corpo". A especialista diz, no entanto, para não sermos moralistas: a nudez feminina não é proibida, mas quando é usada para fins comerciais, como a propaganda de uma programação de TV, transforma a mulher em um objeto. Sexual, no caso. "Você pode fazer o que quiser com o seu corpo, mas quando a mídia usa a nudez de uma mulher está reforçando o machismo e o sexismo", explica.
Além disso, é bastante importante a nova vinheta ter incluído homens e mulheres dançando outros ritmos, como o frevo, já que o Carnaval é muito ligado à identidade brasileira e há uma variedade de formas de ser festejado. "Tirando o corpo nu, a gente tira o estereótipo de que a brasileira é super-sexualizada", fala Schwartz. Esse tipo de visão, bastante forte no exterior, afeta principalmente as mulheres pardas. "Existe esta cultura que vem desde a época da escravidão de que a mulher de pele escura serve para satisfazer o prazer sexual dos homens, então ela é muito vulgarizada", pontua.
A nova Globeleza é, de acordo com Rosana, uma vitória da sociedade em geral. "Mostra que há um movimento geral para mudarmos os estereótipos de gênero e de raça e a Globo percebeu que tinha que acompanhar", fala a professora. E esta pequena alteração na vinheta pode mudar as coisas lá na frente, já que a especialista acredita que são as pequenas coisas cotidianas que fazem a diferença. "Daqui a dez ou 15 anos, vamos ser uma sociedade muito mais igualitária".
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