Reforma de casa "rosa" de solteiro se transforma em história de amor
A casa de David e Dorothy Measer, em Los Angeles, não é nem uma casa pequena ou uma residência de solteiro, mas quando o casal se conheceu, há nove anos, era as duas coisas.
Em 2003, David Measer, publicitário, pagou US$ 760 mil por uma pequeno chalé de esquina em um dos distritos da cidade, em Venice. Ele tinha 33 anos e queria viver em lugar legal, mas acabou morando na “casa mais feminina que você já viu”, conta. “As cores das paredes eram rosa, roxo e lavanda. O paisagismo era de rosas e hortênsias”, completa.
Mesmo quando o publicitário pintou os cômodos de cinza, sua nova casa não pareceu disposta a parecer mais máscula, pois a luz do sol entrava em certas horas e revelava a demão rosa. Frustrado, David contatou uma arquiteta -que diziam, era aclamada como “especialista em luz”- e a convidou para ir até sua casa, esperando que ela pudesse conseguir que as cores masculinas “grudassem”. “Eu não estava esperando nada”, rememora. “Então, eu abri a porta e lá estava Dorothy. Toda a minha estrutura molecular reagiu”.
Dorothy era – então - uma designer de 34 anos com sua própria empresa, a DK Design House, e também sentiu a conexão. O sentimento foi confirmado quando eles se esbarraram na rua mais tarde, naquele mesmo dia, e novamente quando eles tiveram seu primeiro encontro naquela noite. Eles se casaram sete meses mais tarde e tiveram um filho, Luca, em 2006 e uma filha, Phoebe, em 2009.
Mas o lugar que nunca tinha funcionado como uma residência de solteiro era também muito pequeno para uma família em crescimento. Eles embarcaram numa busca desinteressada por casas, mas não queriam realmente deixar aquela moradia. Ao invés disso, eles recorreram à arquiteta “da família” para criar uma nova casa no local.
Uma nova casa feita de amor
Não existe nada do pequeno chalé na casa de 310 m² que Dorothy Measer projetou e que custou pouco menos que US$ 3.300 dólares por metro quadrado. Com a sua lateral panorâmica e janelas enormes, a construção parece formada por dois elegantes containers de navio empilhados um sobre o outro. Rodeada por uma parede baixa de concreto e posicionada próxima à linha da propriedade (e num ângulo que tira vantagem da luz natural e do controle solar passivo), a residência é notavelmente aberta para a rua.
Como David brinca: “Venice é uma área onde as pessoas erguem grandes barreiras porque os terrenos são muito pequenos. Nós estávamos muito entusiasmados com uma casa que parecesse fazer parte da comunidade”. O casal também desejava evitar barreiras interiores, abdicando de cômodos quadrados com funções pré-definidas em favor de uma única sala ampla no térreo, que engloba a cozinha de fluxo livre e as áreas de jantar e de estar.
No centro da construção está o elemento de organização do projeto: uma estrutura cilíndrica com uma circunferência de aproximadamente 14 m, que ocupa os dois andares. Embora pareça uma coluna de sustentação, ela esconde as escadas e as entranhas da casa (incluindo canos, um lavabo, closet e despensa no primeiro piso e outro closet e equipamentos audiovisuais no andar de cima).
A coluna monumental – e a escada de metal que a corta, pintada de laranja – remete à infância de Dorothy, na parte oeste de Michigan, onde enormes tanques ficavam visíveis dentro da fábrica de alumínio anodizado que sua família possuía. “Eu a projetei de propósito deste modo, assim você poderia sentir o poder do objeto no espaço”, a arquiteta explica. “Cresci vendo a beleza e me sentido confortável naquele contexto industrial”.
O interior, particularmente no piso superior, é mais suave e reflete a inspiração inicial do casal para construir a casa, conta David. “Nosso objetivo era criar uma fusão de um projeto moderno e industrial dentro de um formato que as crianças amassem e no qual fossem capazes de brincar”, argumenta, acrescentando que sua filha de três anos e seu filho de seis gostam de andar de patinete em volta da grande coluna.
Poucos elementos pertencentes à pequena casa original foram mantidos, como puxadores e ferragens adaptadas dos antigos closets, além de um fogão. Mas com uma esposa e dois filhos pequenos, a vida de David está longe daquela que ele imaginou quando comprou a propriedade de esquina. Questionado sobre quanto tempo ele viveu como solteiro no que pensou ser a casinha mais feminina do mundo, ele ri: “Semanas”, calcula. “Talvez alguns meses”. E ele não parece sentir saudade daqueles dias.
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