Na medida certa, ciúme é bom para o relacionamento
O ciúme pode ser um veneno para qualquer casal quando assume sua pior faceta, a patológica: a desconfiança toma conta de tudo e um não dá ao outro o direito de ter, no relacionamento, espaço pessoal. Bem administrado, no entanto, o sentimento pode trazer benefícios à relação.
De acordo com a psicóloga Margareth Neves Montenegro, isso acontece quando os dois têm consciência de si mesmos, do que representam um para o outro e do mundo que os cerca. "Eles sabem que o ciúme, quando surge, reflete apenas a percepção de que o namoro ou o casamento não é uma condição perpétua e imutável. Pelo contrário, apresenta constante desafios que mobilizam a reflexão e as atitudes de ambos", explica.
Esses desafios podem aparecer em diversas situações do dia a dia. Um bom exemplo é quando, em uma festa, um dos dois desperta o interesse de outra pessoa. Nessa circunstância, o ciúme pode ser positivo quando canalizado para outras emoções. Quem sente ciúme percebe que parceiro é também interessante aos olhos alheios. Isso, apesar de parecer inicialmente difícil, gera admiração e atiça a libido.
"São sentimentos que podem funcionar como um estímulo para a relação se tornar mais intensa e ainda proporcionar uma noite quente", diz Margareth.
"São sentimentos que podem funcionar como um estímulo para a relação se tornar mais intensa e ainda proporcionar uma noite quente", diz Margareth.
A psicóloga Walkíria Fernandes afirma que esses resultados benéficos só acontecem quando o ciúme é incitado de forma natural, sem que o parceiro precise provocá-lo.
"Se foi despertado de modo intencional, o efeito pode ser raiva, briga e desinteresse", conta. "Já o ciúme que aparece de forma espontânea ao ver o parceiro ser paquerado toca o nosso ego e eleva a autoestima através da sensação de competição e poder, por termos conquistado alguém desejado por outra pessoa. Essa sensação costuma ser mais intensa nos indivíduos inseguros", diz.
"Se foi despertado de modo intencional, o efeito pode ser raiva, briga e desinteresse", conta. "Já o ciúme que aparece de forma espontânea ao ver o parceiro ser paquerado toca o nosso ego e eleva a autoestima através da sensação de competição e poder, por termos conquistado alguém desejado por outra pessoa. Essa sensação costuma ser mais intensa nos indivíduos inseguros", diz.
Rival em potencial
A aparição de um rival em potencial no dia a dia da pessoa amada também pode fazer com que o ciúme (muitas vezes inevitável, nesse caso) atue a favor da relação. A chegada de um colega novo e bonitão no escritório da parceira, por exemplo, é capaz de mostrar que muitos homens não estão cuidando tão bem do relacionamento quanto deveriam, pois acreditam que a mulher não precisa mais ser conquistada.
Da mesma maneira, descobrir que a amiga de infância dele é, além de divertida, muito interessante, leva à uma preocupação positiva: tratar com mais carinho a si mesma, o parceiro e o próprio relacionamento.
"As pessoas precisam entender que a conquista precisa ser algo constante na rotina", diz Walkíria. "Desejamos naturalmente que o interesse do outro seja exclusivamente nosso. Quando isso parece estar ameaçado por uma terceira pessoa, experimentamos a sensação de perda. Isso pode fazer com que haja um empenho maior e um cuidado com a relação para amenizar ou acabar com essa sensação".
Para o psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos, outro ponto que se mostra favorável é usar a angústia provocada pelo ciúme para fazer um exercício de autoconhecimento. "Quem se dispõe a encarar de frente esse sofrimento pode descobrir o que, de fato, está gerando a instabilidade emocional. Assim como uma dor física, que sempre tem uma origem que deve ser investigada, a dor emocional também precisa de análise", declara o especialista, autor do livro "Ciúme – O Lado Amargo do Amor" (Ed. Ágora).
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