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Isabeli Fontana rompeu com namorado para não bancar a mãe dele; entenda essas relações

A modelo brasileira Isabeli Fontana, que terminou recentemente namoro com Rohan Marley - Getty Images
A modelo brasileira Isabeli Fontana, que terminou recentemente namoro com Rohan Marley Imagem: Getty Images

Heloísa Noronha

Do UOL, em São Paulo

28/09/2012 16h54


Há pouco mais de uma semana, a top model Isabeli Fontana divulgou à imprensa o fim do relacionamento com o empresário Rohan Marley, um dos filhos do cantor Bob Marley. Seria apenas mais um anúncio de separação no mundo das celebridades se a modelo não tivesse aproveitado a oportunidade para desabafar.

A modelo disse que o principal motivo para o rompimento foi o fato de estar cansada de carregar os homens nas costas, ou seja, de assumir o papel de mãe deles. E não são poucas as mulheres que tendem a cuidar dos namorados e maridos como se fossem seus filhos. Tanto zelo e cuidado, porém, acaba minando o relacionamento.

Segundo a terapeuta cognitivo-comportamental Mara Lúcia Madureira, quem se transforma na segunda mãe do parceiro corre o risco de ganhar o cargo de administradora do lar em tempo integral, encarregada exclusiva dos filhos e se tornar desinteressante sexualmente.

"O maior tabu da humanidade é o incesto, e a identificação da parceira com a figura materna é uma experiência, no mínimo, desestimulante para a maioria dos homens, se não repulsiva", explica. Além de abandonar involuntariamente o papel de amante, existe a possibilidade de a mulher negligenciar os cuidados consigo mesma e as atividades que lhe dão prazer.

A mulher que assume o papel de mãe do homem com quem se relaciona também costuma viver a sua vida através dele. Algumas atitudes comuns são tomar decisões no lugar do homem, desde as mais simples (como onde jantar) até resoluções mais complexas (que envolvem os campos profissional, social e sexual). "O relacionamento não tem como evoluir assim. É preciso haver cumplicidade entre um casal", afirma a psicóloga Sandra Samaritano.

Há homens, porém, que se aproveitam desse modo meio torto de a mulher desempenhar o instinto maternal para obter benefícios e acabam se acomodando. "Aqueles que tiveram relacionamentos saudáveis com as suas mães são os mais comodistas, pois gostam de continuar, no relacionamento, a experiência familiar", conta Mara Lúcia. Esses "filhinhos da mamãe" simplesmente se recusam a crescer, porque têm tudo à mão quando precisam: remédios quanto estão doentes, comida se sentem fome e até dinheiro, se preciso for. 

Os homens que não usufruem das vantagens de modo consciente podem, em longo prazo, se sentir insatisfeitos, segundo Sandra. "Ao se darem conta de que o relacionamento é mantido só pela mulher, esses homens percebem também que  praticamente não existem. O que sobra é apenas baixa autoestima, desqualificação e falta de identidade", diz ela. Como consequência, a tendência é que ele procure por uma parceira que o trate de igual para igual.

Ilusão de controle e medo da solidão

Mas o que leva uma mulher a viver uma relação em pé de desigualdade e a tentar colocar o parceiro sob suas asas, em vez de ao seu lado? Para Mara Lúcia, ainda que se trate de uma escolha inconsciente, o exercício do papel materno tem a ver com a ilusão de controle da relação e do homem. "O problema é que quase sempre resulta no contrário. O homem cumpre exatamente o papel de filho: passa a desobedecê-la para testar sua autonomia e independência e parte para conquistas fora do ambiente doméstico, longe do controle materno", diz.

  • Photo Rio News

    Isabeli Fontana e o então namorado, Rohan Marley 


Segundo Maria Luiza, a opção afetiva por um parceiro passivo, dependente emocionalmente e em outros âmbitos, faz parte da personalidade da pessoa que faz a escolha. "O parceiro escolhido a complementa. Assim, alguém controlador inconscientemente tende a procurar indivíduos que se deixam dominar" explica a terapeuta sexual. E ela conta que, em geral, as mulheres controladoras agem assim por medo. “No fundo, elas não confiam na própria capacidade de lidar com imprevistos", diz. 

Outro ponto importante é o receio da solidão. A mulher que se coloca no papel de cuidadora não o faz somente por amor ou por bondade: ela tem medo de ficar sozinha. Há o pensamento inconsciente de que se prover tudo o que o homem precisa, ele ficará com ela. O fato é que nenhum homem suporta por muito tempo viver em um relacionamento que limita sua liberdade de escolhas e ações.

Assim como Isabeli Fontana, é comum cometer o erro de bancar a mãe do parceiro em relações sucessivas –e, de acordo com especialistas, nem sempre a mulher percebe logo que é a principal responsável por más escolhas que ela atribui ao azar, aos homens ou à "síndrome do dedo podre"

"A maioria de nossos erros se repete e se transforma num padrão de comportamentos equivocados. Em geral, desconhecemos ou negamos nossa responsabilidade nas escolhas que fazemos e atribuímos a culpa de nossos fracassos a outras pessoas e a fatores externos, deixando de reconhecer e modificar nossas crenças e comportamentos”, diz Mara Lúcia.

É mais fácil buscar a felicidade nos braços de outro amor (que pode repetir o mesmo percurso anterior) do que tentar mudar. "É difícil, mas investir no autoconhecimento faz com que as mulheres mudem de postura e o seu papel começa a se tornar mais flexível. Elas passam a fazer para si o que sempre fizeram para o parceiro”, diz Sandra.