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Por que beleza, sucesso e carisma não impedem nenhuma pessoa de ser traída?

Fama e beleza não impediram que o ator Robert Pattinson sofresse uma traição pública de Kristen Stewart - AFP Photo/Valery Hache
Fama e beleza não impediram que o ator Robert Pattinson sofresse uma traição pública de Kristen Stewart Imagem: AFP Photo/Valery Hache

Heloísa Noronha

Do UOL, em São Paulo

22/08/2012 07h20

Responda rápido: o que Robert Pattinson, Sienna Miller, Rodrigo Santoro, Jennifer Aniston, Sandra Bullock e Elizabeth Hurley têm em comum? Todos são lindos, famosos, sensuais, esbanjam carisma e... foram traídos por seus parceiros. Essa triste coincidência nos leva a pensar: se até os seres mais belos e desejados do planeta não passam ilesos à infidelidade, o que será de nós?

De acordo com a psicoterapeuta Carmen Cerqueira Cesar, a aparência e a atração física nem sempre são suficientes para fazer um romance dar certo. “A imagem provoca uma primeira impressão positiva e pode segurar a relação por um tempo. Mas mantê-la é uma outra história”, diz. Ela explica que um relacionamento precisa de raízes firmes para ser levado adiante. E isso se constrói com vários fatores: sexo, empatia, cumplicidade, amizade, valores compartilhados, planos. “Se o casal ou um dos dois valoriza somente a superfície, a relação se esvazia. E aí surge espaço para a chegada de outra pessoa”.

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A beleza nem sempre vem acompanhada de boa autoestima e um ego fortalecido, e isso vale para celebridades e anônimos. Quem é inseguro acaba contaminando o parceiro com desconfianças e ciúmes, muitas vezes sem fundamento, o que mina o namoro ou casamento. Isso pode fazer com que uma mulher maravilhosa seja trocada por outra com menos atrativos, mas mais confiante, bem resolvida e autêntica. “O infiel também pode ser inseguro. Para se autoafirmar e se reassegurar de que ele é bacana, atraente ou sexy, acaba traindo. Trai porque precisa disso para se sentir melhor”, diz a psicoterapeuta.

Brecha para a infidelidade
Para o psiquiatra Leonard F. Verea, uma relação se sustenta sobre quatro pilares: curiosidade, desejo, necessidade e motivação. “Se o parceiro não desperta mais nenhum desses sentimentos, o outro pode se sentir inclinado a procurá-los em outras situações. É preciso conquistar de novo para reforçar a própria autoestima e sentir o gosto do desafio”, afirma.

Além disso, a vida privada se sobrepõe à imagem. Uma pessoa pode ser lindíssima e ter o corpo perfeito, mas ser uma péssima amante, ter maus modos à mesa, não se envolver nos assuntos do outro, ou seja, a embalagem não compensa o conteúdo.

Como o ser humano e seus relacionamentos são repletos de nuances, é possível aparecer uma brecha para a infidelidade. “A maneira como nós encaramos e lidamos com o amor tem muito a ver com a infância e as primeiras experiências de afeto com os pais, mas nossas atitudes podem obedecer a determinações inconscientes”, diz Carmen. Assim, a traição pode ser detonada por um simples gesto ou uma frase. A atração surge e a pessoa nem se dá conta do motivo.

Para a psicóloga Raquel Fernandes, outro ponto importante é intolerância à frustração, que, na opinião dela, parece diminuir a cada geração. “Hoje as pessoas traem porque os parceiros não correspondem mais às suas expectativas. O ser humano está constantemente em busca de um parceiro perfeito, de sua própria idealização, que nunca será suprida por ninguém”, diz. Para a psicóloga, a partir do momento em que idealizamos relações, também criamos expectativas sobre elas. Com isso, abrimos espaço para nos frustrarmos e nos decepcionarmos e, "embora sejamos pouco tolerantes com os defeitos alheios, nós nos esquecemos das nossas próprias falhas e imperfeições", conclui. 

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