Novos talentos da moda: Silvia Ferraz acredita que moda infantil tem de ser lúdica e fugir dos "miniadultos"
O trabalho da estilista Silvia Ferraz é regido pelo resgate dos valores da infância, com uma moda lúdica e divertida. Aos 25 anos de idade, ela é fundadora da marca infantil Spirodiro, voltada para crianças de 2 a 10 anos, e integra a programação da Casa de Criadores desde a última edição, na temporada Verão 2012.
Indo na direção oposta à tendência “miniadultos”, a moda de Silvia tem linguagem infantil, é feita para crianças reais, de maneira que se identifiquem com o que vestem. "Não gosto de 'miniadultos' e acredito que a criança é muito mais do que isso, ela traz referências de um mundo sem tamanho e sua moda também deve ser assim, sem barreiras para a imaginação", conta Silvia.
A estilista se formou pela Faculdade Santa Marcelina e em seguida mudou-se para Belo Horizonte, onde foi assistente de Ronaldo Fraga, seu maior ídolo da moda, e trabalhou como estilista da marca infantil do mineiro, Ronaldo para Filhotes. “Admiro muito o trabalho dele e sempre me identifiquei com a linguagem lúdica e as histórias que suas roupas carregam”, diz.
De volta a São Paulo, em 2010, Silvia Ferraz participou e venceu o concurso “Ponto Zero”, realizado pela Casa de Criadores, em parceria com a Associação Brasileira da Indústria Textil (Abit) e o Mercado Mundo Mix. Com o desfile da coleção “Tire o monstro do armário”, ganhou a oportunidade de desfilar em três edições do evento e participar do Mercado Mundo Mix de Portugal.
Hoje, a estilista vende suas peças em São Paulo na Galeria Mundo Mix, nos Jardins, e na loja Voga, no bairro da Pompéia. Suas camisetas vão de R$ 75 a R$ 80.
Abaixo, Silvia conta um pouco do seu universo lúdico e de como a moda infantil vê as crianças hoje em dia.
UOL Estilo: Por que escolheu ser estilista de moda infantil e qual o maior diferencial do seu trabalho?
Silvia Ferraz: Eu gosto de trabalhar com o público infantil, pois penso como eles. Tenho uma imaginação muito fértil e vejo magia em tudo. Sinto esta grande vontade de mostrar para as crianças que vale muito a pena curtir a infância nos mínimos detalhes.
A visão de mundo da minha marca é o principal diferencial. Para mim tudo é possível e pode se tornar mais fácil a partir de um sorriso. O papel do estilista é mostrar para seu público uma visão de mundo, contando uma história e trazendo emoção para quem veste sua peça e, no meu caso, quero resgatar os valores da infância.
Quais são suas principais inspirações e como funciona seu processo criativo?
Meu trabalho é uma troca, retiro todas as minhas referências do mundo das crianças e devolvo em forma de roupa e de moda. Estou sempre de olho nos pequenos, nas fases da infância e temas que tenham a ver com o crescimento deles. Faço pesquisas com eles, questionando sobre o tema e pedindo para que me ajudem a desenhar.
Por que você acha que esta tendência de “miniadultos” vem acontecendo?
Acredito que seja decorrente de uma sequência de acontecimentos e comportamentos da sociedade em geral. Vivemos exigindo que as novas gerações sejam fortes, qualificadas para o mercado e para a concorrência. Infelizmente isto também é transmitido para as crianças.
Hoje, a maioria deixa de fazer aulas de artes e música para começar aula de russo e reforço em matemática. É justamente na infância que se desenvolve as qualificações e os interesses pessoais de cada um. Se não houver referências lúdicas, de um universo próprio, os pequenos começam a viver no mundo dos adultos. Eles não têm culpa alguma, apenas se comportam de acordo com o ambiente em que vivem.
Qual sua dica para quem está começando e quer seguir carreira como estilista?
Costumo dizer que eles devem se tornar esponjas e absorver o máximo que o mundo os proporciona. É muito importante se conhecer e saber bem do que se gosta, para ter para onde seguir.
Por que moda infantil é tão cara, considerando que é usado pouco tecido?
A confecção das roupas infantis é mais complicada do que parece. Há poucos profissionais qualificados nesta área. A modelagem, por exemplo, requer uma atenção maior e um estudo especial sobre o crescimento do corpo e das diferenças entre as idades para uma boa ampliação. As peças infantis são mais trabalhosas, pois são pequenas, e os recortes, miúdos.
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