Topo

O homem brasileiro está evoluindo como consumidor de moda

Saia plissada de João Pimenta que esgotou na loja do estilista no inverno; e looks de Alexandre Herchcovitch e Reserva para o Verão 2012 - Alexandre Schneider/UOL
Saia plissada de João Pimenta que esgotou na loja do estilista no inverno; e looks de Alexandre Herchcovitch e Reserva para o Verão 2012 Imagem: Alexandre Schneider/UOL

RICARDO OLIVEROS

Colunista do UOL, de São Paulo

18/06/2011 17h32

No primeiro dia do São Paulo Fashion Week, o estilista Rony Meisler, da Reserva, disse que as marcas tinham sua parcela de culpa por não arriscarem a apresentar roupas mais ousadas para os homem e por isso eles não tinham outras opções para saie do "feijão-com-arroz". Hora H entrevistou os estilistas Alexandre Herchcovitch, João Pimenta e Igor de Barros (Cavalera e V.Rom), considerados os mais arrojados na moda masculina, para entender o que mudou no comportamento dos homens em relação ao consumo de novidades na moda.

“O homem começou a descobrir que roupa não é somente algo para se cobrir e que ela pode traduzir com muita eficiência sua identidade. A questão é que muitos ainda se vestem como se a roupa fosse um uniforme pré-estabelecido. Todavia sinto que há uma parcela cada vez mais crescente disposta a experimentar mais”, disse João Pimenta.
 
A intuição de João Pimenta está certa. Uma pesquisa realizada em 2010, pelo IEMI (Instituto de Estudos e Marketing Industrial), com 3.300 consumidores voluntários de ambos os sexos, com idade acima de 15 anos  e diferentes classes sociais e Estados, apontou que 56% dos das primeiras pessoas a comprar novidades de moda são do sexo masculino. 
 
Pimenta vai para seu terceiro desfile no SPFW e sua marca é considerada a mais conceitual entre as masculinas que se apresentam no evento. Suas coleções propõem elementos da roupa feminina para o guarda-roupa do homem, como saias, cinturas marcadas, plissados, transparências, entre outros. “O retorno que tenho obtido com estas coleções indica que estou no caminho certo. Cresci 100% em termos de mercado. Hoje minha equipe dobrou e nesta edição comecei a fazer show-room [local onde é apresentada a coleção para compradores] e toda a produção apresentada foi comercializada. Na temporada passada, peças mais complicadas como as saias plissadas foram todas vendidas. Tem até a história de um homem de 40 anos que veio com a noiva encomendar uma saia para ele usar no seu casamento”, disse o estilista.
 
Para Alexandre Herchcovitch, a grande mudança do comportamento masculino é que o homem está indo sozinho comprar roupas, deixando para trás a fase em que a mãe ou namorada faziam isso por ele. “Tenho até casais que vão comprar roupas juntos na loja, mas cada um escolhe suas peças individualmente”, falou. Esta uma tendência que também foi apontada na pesquisa do IEMI: 53,6% dos homens afirmaram estar sozinhos na hora das compras.
 
Igor de Barros, diretor de estilo da Cavalera e V.Rom, explicou que uma etapa importante para melhorar a relação do homem com as novidades da moda é a preparação dos representantes de venda de lojas multimarcas. “No show-room, além de explicar a coleção, mostramos como as roupas podem ser usadas. Eles começam a perceber que uma peça mais avançada combinada a uma mais básica pode ser consumida sem problemas. E com isso os representantes podem preparar melhor seus vendedores”.