Saiba se o amor virtual pode ser considerado real
O tema é tão polêmico que mobiliza muita gente. No Orkut, por exemplo, mais de 14 mil internautas participam da comunidade Amor Virtual e trocam confidências, desabafos e dicas sobre relacionamentos vividos pela net. Mas a grande pergunta que fica no ar é: “Amor virtual é real?”. Para Heleny Galati, autora do livro “Asif – Perdão”, da Editora NewBook, é complicado ter uma definição tão precisa sobre o assunto. “Definir amor é difícil. Homens e mulheres encaram esse sentimento de forma diferente. Entretanto, acredito que sim, é possível haver amor em um relacionamento virtual. Mas esse amor requer muito mais esforço, coragem e confiança dos envolvidos”, explica.
Essa crença veio após a escritora ter vivido um amor virtual, fato que a motivou a escrever o livro. Pelo desejo de descobrir coisas novas, ela aceitou no MSN um indiano e iniciou um relacionamento on-line. No início, as conversas eram sobre cultura e, aos poucos, foram se tornando pessoais. O rapaz contava como era difícil a vida em seu país, e ela também desabafava, pois se sentia infeliz e perdida depois de ter rompido um relacionamento sério.
Mesmo com a diferença de fuso horário de oito horas e meia, eles conversavam durante horas seguidas com a câmera ligada. “Todos os dias ele me acordava com um bom dia e perguntava como me sentia. E eu respondia que meu dia começava sempre bem quando suas palavras me alcançavam. Nesse processo, eu afirmo que me enamorei por mim. Comecei a me perdoar pela inércia, por ter me deixado abater pela opinião dos outros. Superei, acima de tudo, os complexos e medos. Enfim, passei a ser eu novamente”, revela Heleny, que vai lançar o segundo volume – “Asif – Superação” – para contar o desfecho da história. Para adiantar, ela não chegou a conhecer o indiano pessoalmente.
Romance virtual pode funcionar, sim! Acima de tudo, um relacionamento como esse pode lhe dar nova perspectiva sobre você. Pode ajudar a se curar. E, depois, a se abrir para o real novamente
Heleny Galati, escritoraNo caso de Heleny, o resultado do amor virtual foi positivo, já que ela enxergou a dependência por outra pessoa no âmbito virtual e se libertou, transferindo o amor pelo outro para si. Mas nem sempre isso acontece. Paula Silva* que o diga. “Eu comia na frente do computador, dormia com o celular conectado e cheguei até a bater o carro ao correr demais porque tinha combinado de estar on-line com a pessoa em um determinado horário e ainda estava na rua. Só depois do acidente me dei conta da minha dependência”, conta a estudante que precisou de terapia para livrar-se dessa situação e retomar sua vida.
Para a psicóloga Sirley Santos M. Bittú, com a globalização, a correria do dia a dia e a evolução feminina, homens e mulheres estão confusos nos relacionamentos. Além disso, o ser humano tem medo de viver plenamente, seja pela violência, pelo medo de se envolver ou se magoar, e a internet parece uma possibilidade mais agradável do que a vida real. “É como uma mágica: parece que nesse terreno a possibilidade de ter um relacionamento é maior e falsamente segura, já que assim a imaginação toma conta, como se a própria pessoa criasse, verdadeiramente, um conto de fadas”, diz.
Para a terapeuta, é possível usar a internet para “ensaiar”, mas é essencial tentar ousar, vencer as dificuldades e a timidez, sempre olhando nos olhos do outro e sentindo seu toque. “O que falta nas relações virtuais é o mesmo que não existe nos chamados amores platônicos: olho no olho, fala com expressão corporal e toque como expressão de carinho e fonte de prazer. Isso, nenhum computador substitui”, declara.
Sirley não acredita que seja possível amar virtualmente porque amar implica conhecer o outro, com todas as suas qualidades e defeitos. “Pela internet conseguimos nos apaixonar pela fantasia que permeia os relacionamentos, mas amar é algo mais profundo”, diz.
A escritora Heleny Galati ensina alguns truques para evitar problemas no mundo virtual e, principalmente, no real:
- Seja cuidadoso (a) no início, peça para ligar a câmera, cheque informações nos sites de relacionamento para saber com quem está falando.
- Esteja atento (a) ao "tom" das conversas. Evasões podem significar mentiras.
- Vá com calma, exatamente como faria com o cara ou a menina que acabou de conhecer na balada.
- Grave os diálogos. Você poderá reler quando não estiver tão envolvido (a) e avaliar melhor o que está acontecendo.
- Seja verdadeiro (a), mas nunca abra informações confidenciais ou pessoais, como endereços, telefone fixo ou algo que possa localizar você com facilidade.
- Caso agendem um encontro, combine em um local público, de muito movimento.
- Sexo é predominante nesses relacionamentos, então esteja preparado (o) para assédios desse tipo. Caso não queira, deixe claro e, se houver insistência, bloqueie a pessoa.
- Ao abrir sua câmera para alguém, só o faça se o outro lado fizer também. Lembre-se de que o que estiverem fazendo na frente da câmera pode ser gravado e ir parar no Youtube. Por isso, cuidado!
*O nome foi trocado a pedido da entrevistada
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