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Ativistas protestam no Texas contra lei que restringe o aborto

Mulheres protestando sobre clínicas de aborto no Texas - Getty Images
Mulheres protestando sobre clínicas de aborto no Texas Imagem: Getty Images

De Universa

02/09/2021 09h57

Vários grupos de ativistas se reuniram em diferentes cidades do Texas, nos Estados Unidos, para protestar contra a lei que entrou em vigor nesta quarta-feira e que impede o aborto após seis semanas de gestação, quando em muitos casos ainda é difícil suspeitar ou identificar a gravidez.

A nova norma também permite que qualquer cidadão possa processar qualquer pessoa que ajude uma grávida a abortar nestas condições. A medida entrou em vigor após a Suprema Corte não ter se pronunciado sobre uma solicitação de emergência apresentada por clínicas do Texas para bloqueá-la.

Os críticos, liderados por organizações comunitárias, levaram cartazes com mensagens como "O aborto é sagrado" e "Meu corpo me pertence" às escadarias do Capitólio em Austin, sede do Legislativo estadual.

"Os que defendem o direito ao aborto não estão sozinhos. A mensagem que queremos dar ao país é que existem direitos constitucionais que devem ser respeitados", comentou à Agência Efe Diana Gómez, representante da Progress Texas.

Organizadas sob o lema "Proibições Fora de Nossos Corpos", as manifestações começaram nesta tarde em frente a tribunais federais de várias cidades, como Houston, Wichita Falls e Brownsville, e continuarão ao longo do dia em San Antonio.

"O nosso objetivo é que os protestos continuem nas redes sociais até haver uma resposta da Suprema Corte do país", observou Gómez sobre a petição de emergência apresentada por vários centros clínicos no estado para que o Supremo bloqueie a legislação.

"O aborto tem sido um direito fundamental durante o último meio século, e o fato de não ter sido levado em consideração como tal é, no mínimo, uma farsa", lamentou Drucilla Tigner, estrategista de políticas de direitos reprodutivos da União Americana das Liberdades Civis (ACLU), em entrevista à Efe.

A ativista prevê que a inação da Suprema Corte terá um efeito devastador sobre milhares de pessoas que procuram cuidados médicos e reprodutivos, que não poderão obtê-los porque a lei proíbe o aborto a partir do momento em que muitas pessoas percebem que estão carregando uma criança.

"Estamos falar de duas semanas depois de percebermos que existe um atraso no nosso ciclo menstrual. Nessa altura, as seis semanas já terão terminado e os centros de saúde não poderão fazer nada a respeito porque enfrentarão processos judiciais e fecharão as portas", acrescentou Tigner.

Nenhuma outra lei semelhante que proíba o aborto após seis semanas de gestação entrou em vigor nos Estados Unidos. No pedido de emergência à Suprema Corte, as clínicas de aborto advertiram que a lei "reduz imediata e catastroficamente o acesso ao aborto no Texas, proibindo o atendimento de pelo menos 85% dos pacientes".

O presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu nesta quarta-feira que defenderá o direito ao aborto contra a polêmica lei do estado do Texas.