Mulheres não deveriam ser gratas por oportunidades segundo líder da ONU
Amina Mohammed, vice-secretária-geral das Nações Unidas, afirma que as mulheres não deveriam se sentir gratas por receberem oportunidades.
Em sua avaliação, elas precisam perceber que têm direitos iguais aos dos homens, o que as credencia para ser parte efetiva da sociedade, da economia e dos processos de tomada de decisão.
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Em uma entrevista para o lançamento da lista de 100 mulheres inovadoras e inspiradoras de 2018 da BBC, a BBC 100 Women, Amina também considerou que as mulheres sofrem "desproporcionalmente" mais que os homens.
A nigeriana declarou ainda que é possível que a ONU seja liderada por uma mulher muito em breve. "Eu acho que nós estivemos muito perto da última vez (que o secretário-geral das Nações Unidas foi escolhido). Eu acho que todos estão sentindo que é quase chegada a hora".
"Nós somos vistas como se tivéssemos que ser gratas só por estarmos lá", disse. O objetivo não deveria ser apenas '30% de mulheres em volta da mesa de decisões'", falou.
"Se nós temos capacidade de ser 70% dos presentes em volta da mesa de decisão, então que seja dessa forma. O que nós realmente precisamos perceber é que nós temos direitos iguais para todas as coisas, o que nos permite estar presentes, ser efetivas, ser parte da sociedade e da economia. E nós não estamos percebendo isso."
Segundo ela, o objetivo de desenvolvimento do milênio número 5 - igualdade de gênero - é um eixo central para todos os outros objetivos. Geralmente "é um menino que vai para a escola, tem a chance de estudar e pode conquistar suas aspirações, contribuir para a sociedade. Uma menina, não".
"Se eu olhar para a educação, por exemplo, a igualdade de gênero tem que estar no centro dos objetivos educacionais. Assim como na erradicação da pobreza. Ou no (acesso à) energia. As mulheres precisam ser uma parte central disso."
O que é o 100 Women?
Todos os anos, a iniciativa BBC 100 Women nomeia 100 mulheres influentes e inspiradoras ao redor do mundo e compartilha suas histórias.
2018 foi um ano importante para os direitos das mulheres em todo o mundo. Por isso, a BBC 100 Women deste ano vai apontar histórias de mulheres pioneiras, que estão usando paixão, indignação e raiva para produzir mudanças concretas em torno delas.
Amina ainda admitiu que as Nações Unidas estão precisando de uma mudança.
"Nós todos reconhecemos que não está atingindo o objetivo. Se nós vamos implementar o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, então nós não podemos ter a mesma composição que tínhamos em 1945. Não vai funcionar. Eu acho que nós temos que fazer melhor que isso".
Questionada sobre o corte no financiamento de missões de paz da ONU, Amina considerou que isso pode gerar um efeito colateral positivo.
"Talvez isso gere uma pressão sobre todos nós para buscarmos a paz. Porque, se as missões de paz não estiverem lá, você será obrigado a buscar a paz".
"Ou seja, eu sei que as forças de manutenção da paz têm salvado vidas e que têm se sacrificado. E (sem elas) nós estaríamos muito pior (do que estamos agora). Mas se os estados membros (da ONU) perceberem que não haverá a muleta das missões de paz e da ONU, então talvez eles busquem a paz ativamente e silenciem as armas. Isso não é impossível."
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