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Milhares de mulheres se unem na Argentina no ano da luta pelo aborto legal

A Argentina, por pouco, não se tornou uma opção a mais para mulheres que buscam fazer aborto legal fora do país - Eitan Abramovich
A Argentina, por pouco, não se tornou uma opção a mais para mulheres que buscam fazer aborto legal fora do país Imagem: Eitan Abramovich

Da AFP, em Buenos Aires

14/10/2018 08h55

Cerca de 50.000 mulheres participam entre sábado (13) e segunda-feira (15) do 33º Encontro Nacional de Mulheres, que acontece em Trelew, no sul da Argentina, no ano marcado pela histórica abordagem do projeto de legalização do aborto no Congresso.

Nas jornadas, que a cada ano contam com mais participantes, busca-se visibilizar "a luta das mulheres pela igualdade e por uma vida livre de violência machista", segundo a convocação.

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No primeiro encontro, em 1986, foram 1.000 autoconvocadas, e este ano as organizadoras aguardam 50.000 mulheres, transexuais e travestis que participarão ao longo de três dias de 74 oficinas e duas marchas.

A patagônica Trelew, de 100.000 habitantes, a 1.400 km ao sul de Buenos Aires, foi escolhida como reconhecimento das mulheres originárias de nações indígenas.

Este grupo vem lutando para que o encontro passe a se chamar plurinacional, ao invés de nacional, e que valorizem as suas lutas ancestrais.

Este ano, o encontro recebe o impulso das maciças manifestações de mulheres que acompanharam o histórico debate parlamentar do projeto de aborto legal, seguro e gratuito que, na Argentina, só é permitido em caso de estupro ou de perigo de morte para a mulher.

Em 13 de junho foi aprovado pela Câmara de Deputados, mas em 8 de agosto o voto conservador no Senado se impôs.

"Ao forno o patriarcado!", é o nome da feira gastronômica para a qual as participantes reunidas no Autódromo de Trelew são chamadas. Já a feira de artesanato leva o nome "Evelyn" em homenagem a uma artesã assassinada por seu ex-parceiro com 20 facadas em 14 de junho.

Um total de 200 feminicídios ocorreram na Argentina de 1º de janeiro a 25 de setembro, um a cada 32 horas.

Um dos que mais impacta este encontro é o de Patricia Parra, uma trabalhadora de 56 anos assassinada horas antes de viajar para Trelew, supostamente por seu ex-parceiro, a quem havia denunciado por violência de gênero.