Homens plus size querem se vestir bem mas têm problemas para comprar roupas
Excluídos da moda, homens plus size também querem se vestir bem, seguir as tendências e ter um visual com personalidade. Escutamos depoimentos de jovens criativos que querem se expressar através da moda, mas que acabam encontrando muitos obstáculos.
As grandes marcas ignoram esse público e oferecem poucas opções, geralmente com coleções caretas e antigas. Entre as maiores reclamações estão os tamanhos desproporcionais e sem padronização. Quando se encontra uma calça que serve, não se acha uma camisa para combinar. Na maioria das vezes, a solução é comprar "o que tem" e não se vestir de acordo com o que gosta.
Cada um tem sua maneira de contornar essa carência, seja comprando fora do país, buscando marcas menores especializadas ou até criando sua própria marca de roupas.
O que eles dizem
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Henrique Carção Huerta, 26, publicitário
"As marcas grandes nem produzem peças do meu tamanho --e, sobre as poucas que fazem, devem achar que todos os caras gordos têm mais de 50 anos. As cores são muito básicas e eu gosto muito de algumas tendências, então é bem complicado. Passo vontade mesmo! Já estive diversas vezes em situações constrangedoras e preconceituosas em lojas e, inclusive, já até escutei 'leva, se você perder cinco quilos já fecha'. Quem falou que eu quero perder peso? Sou feliz do jeito que sou. Agora, procuro peças em mercados alternativos como o Bazar Pop Plus Size, que rola em São Paulo."
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Lucas Andrade, 27, designer
"Já passei muita raiva na Osklen. É uma marca que gosto muito, com roupas lindas, mas que não entram em mim nem com reza brava. Acho injusto não poder usar o que gosto tanto. Já cheguei à conclusão de que as peças deles foram feitas para homens com peitoral e braços fortes, sem nada de barriga. Curto roupas básicas, mas é difícil encontrar algo com corte bacana e que caiba em mim. Eu costumava comprar fora do país, pois sempre tem peças que gosto no meu tamanho, mas com o dólar alto fica mais difícil. Então, eu basicamente não tenho comprado roupa ultimamente."
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Daniel Barranco, 39, estilista
"As roupas maiores sempre são as mais sem graças da loja. Sempre comprei o que tinha no meu tamanho, não o que eu mais queria. Tenho peças de marcas caras, mas eles só aumentam a modelagem e não pensam em como a peça vai cair no corpo, então fica tudo enorme e eu sempre precisei fazer ajustes. Hoje já existem algumas marcas menores que pensam na anatomia do gordo, como a Lili da Ena. Além disso, agora que também tenho uma marca, procuro fazer roupas que eu gostaria de ter tido e não conseguia. A Coletivo de Dois faz roupas de tamanho único [grande] e é muito gratificante ver gordos e magros satisfeitos com as mesmas peças."
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Luiz Ernani, 40, diretor de arte
"É uma questão de estilo. As lojas com roupas maiores têm camisetas com estampas que não passam mensagem alguma, além dos caimentos não serem legais. Existem algumas marcas que gosto, mas que fazem camisas largas e curtas, e eu não vou sair por aí com metade da barriga pra fora. Me visto basicamente com jeans e camiseta, então costumo comprar na Galeria do Rock, que tem algumas marcas de rap e hip hop com calças de corte reto. Para resolver a questão da parte de cima, criei minha própria marca de camisetas, a Original Motherfucker."
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Leo Neves, 30, fotógrafo
"Eu visto tamanho 'depende'. Pode ser 46, 48 ou 50, depende da marca. Uma vez ganhei uma calça 48 de presente e não serviu. Fui trocar e não tinha nada no 48 que coubesse, daí fui na arara da coleção passada e acabei pegando uma tamanho 46, que serviu. Isso é bizarro. Parece que não existem roupas legais no meu tamanho. Eu até consigo comprar calças e bermudas, mas as mesmas marcas que fazem partes de baixo que servem em mim, não fazem as partes de cima maiores. A alternativa que encontrei pra contornar esse problema é comprar camisetas de sites estrangeiros, normalmente o Threadless."
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