Caso Adnet comprova: não, com você não será diferente
É a era dos remakes. Depois de Pantanal e de Renascer, foi a vez de Marcelo Adnet reconstruir a cena do flagra da traição.
Dez anos depois de virar notícia ao ser fotografado aos beijos com uma loira que não era a sua então companheira Dani Calabresa — e dizer "errei, me arrependi" —, o humorista escolheu a Sapucaí (!) para o seu déjà-vu pessoal.
Deixou a também atriz Patrícia Cardoso em casa com a filha pequena e foi beijar outras bocas nos arredores da avenida, correndo o óbvio risco de virar alvo dos fofoqueiros de plantão.
E assim, sem a coragem de resolver sua situação conjugal por vias respeitosas, submeteu Patrícia também à violência de ver espalhado pelas redes o vídeo do marido agarrando outra mulher.
Confrontado, ele mandou um "eu e a ex-esposa não estamos mais juntos". O recado de Patrícia foi diferente. Ela admitiu não estar bem, e clamou que as mulheres se unam: "Bora crescer nossa rede de apoio; juntas somos mais".
Dani Calabresa compareceu ao chamado. No mesmo palco, a Sapucaí, as duas se abraçaram e deram uma demonstração pública de sororidade. Num camarote, Dani falou em "mais uma cagada" de Adnet e lamentou o sofrimento da colega.
No abraço das duas mora um olhar pro futuro. Elas deram, ali, um exemplo muito mais interessante do que o apontar de dedos pra "amantes", supostos pivôs de fins que, na verdade, são responsabilidade de quem estava dentro da relação.
E nenhum problema com amores que acabam. O problema é não saber dissolver contratos sem sair por aí multiplicando traumas.
Quando as mulheres reagem a isso se unindo, em vez de alimentar a antiquada rivalidade feminina, ganhamos todas. Ao direcionar a elas a culpa por violências causadas por homens, tiramos deles o poder de evitar que aquilo se repita, os infantilizamos e, mais uma vez, jogamos pra nós o dever de melhorar.
Nasce um pouco daí a ideia de que, com a gente, um homem que foi violento ou irresponsável com a ex agora vai ser diferente. Como se as atitudes deles dependessem do nosso comportamento. Como se, a mulher agindo assim ou assado, sendo a mais gostosa, a mais dócil, a mais disponível, fosse capaz de amadurecer e "segurar" um macho.
Infelizmente, não há nada que a gente possa fazer. Essa ideia de que "comigo vai ser diferente" pode ir pra mesma lata de lixo da busca-pela-cara-metade e do ficar-casada-a-qualquer-preço.
Olhar para as mulheres que já passaram por ali pode poupar o sofrimento de muitas. Mas, pra isso, a gente tem que se ouvir — e confiar uma na outra.
E sim, esse recado também vale pra Wanessa.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.