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América Latina ante o desafio de alimentar o mundo sob a mudança climática

10/09/2019 21h14

A América Latina e o Caribe se destacam como a principal região de exportação líquida de alimentos no mundo, na frente da Europa e dos Estados Unidos, mas têm o desafio de se transformar e de trabalhar para lidar com a mudança climática que altera sua produção.

Dentro de apenas 11 anos, em 2030, algumas zonas da região já poderão estar sentindo os efeitos do aumento de 2°C da temperatura, indicou nesta terça-feira (10), em Santiago, um grupo de especialistas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Os efeitos da seca nos produtores de abacate do México e do Chile e do calor nos cafezais da América Central são vividos hoje como situações extraordinárias, mas esta região provedora de proteínas de seus mares, terras e rios será obrigada a mudar sistemas de produção, de consumo e comercialização por esta crise climática.

"Se não agirmos já ante isto que hoje nos parece uma emergência, vai se tornar o novo 'normal' e essa é a dimensão enorme dos desafios que temos pela frente", advertiu Julio Berdegué, representante Regional da FAO para a América Latina e o Caribe.

"Em 2030 teremos 40% de nossa região já com os famosos 2°C adicionais", apontou Berdegué ao apresentar a "Série 2030": 33 estudos que abordam os principais desafios rurais, agrícolas, alimentares e ambientais nesta região.

A América Latina contribui com mais de 45% das exportações líquidas globais de alimentos; no entanto, apesar do panorama desanimador para uma região com 90% de territórios rurais, os especialistas também estimam que esta "contribuição pode aumentar consideravelmente nos próximos anos".

A chave consiste em aplicar o quanto antes as políticas apropriadas para aumentar a produção de maneira sustentável.

A análise destaca que em 2050 a produção de alimentos deverá aumentar 60% para atender às necessidades de quase 10 bilhões de pessoas no mundo. A magnitude das políticas públicas e dos investimentos privados são colossais para enfrentar a transformação que os sistemas alimentares no continente necessitam.

No caso da pecuária, enquanto no Ocidente cresce o debate sobre a necessidade de uma indústria sustentável, "há centenas de milhões de consumidores na Ásia que pela primeira vez contam com os recursos necessários para comer um pouco de carne e estão demandando muita carne", o que impacta países produtores como Brasil, Argentina ou Uruguai.