Fósseis de 25 milhões de anos mostram conexão entre grupos de primatas
Fósseis de símios e macacos recém-descobertos provam que as duas espécies conviveram lado a lado na África 25 milhões de anos atrás, revelou um estudo publicado nesta quarta-feira (15).
Isso corresponde a pelo menos cinco milhões de anos antes do que até agora as evidências fósseis tinham demonstrado, afirmou uma equipe internacional de cientistas dos Estados Unidos, da Austrália e da Tanzânia.
"Estas descobertas sugerem que os membros dos grandes grupos de primatas, que hoje incluem símios e macacos do 'Velho Mundo', compartilharam o planeta milhões de anos antes do que previamente documentado", relatou a coautora do estudo, Nancy Stevens, da Universidade de Ohio em Athens.
Os babuínos e os macacos, que pertecem ao grupo do "Velho Mundo" (cercopitecoides) e encontrados na África e na Ásia, são de um grupo diferente dos primatas do "Novo Mundo", como os saguis e os macacos-aranha que vivem no continente americano. Todos eles pertencem à família dos primatas, que também inclui símios como os gorilas e os chimpanzés, que recaem no subgrupo com os humanos.
Analisando o DNA moderno dos primatas, os cientistas já tinham previsto que símios e macacos precisavam ter derivado de um ancestral comum de primatas entre 25 e 30 milhões de anos atrás, mas faltavam evidências, uma vez que os fósseis mais antigos encontrados até agora tinham cerca de 20 milhões de anos.
Os novos fragmentos escavados da bacia do Rukwa Rift, na Tanzânia, em 2011 e 2012, pertenciam a um macaco anteriormente desconhecido denominado Nsungwepithecus gunnelli e a um símio classificado como Rukwapithecus fleaglei.
Do símio, os cientistas escavaram um osso da mandíbula inferior com vários dentes, enquanto no caso do macaco, o registro foi mais esparso, com um pedaço muito menor de mandíbula e um único dente. Ambos datam do período Oligoceno, entre 34 e 23 milhões de anos atrás.
A equipe de estudiosos escaneou os espécimes e criou reconstruções tridimensionais que compararam a outros fósseis.
Stevens afirmou que o Rukwapithecus teria sido um símio com peso de 12 quilos. "Por causa de sua natureza mais fragmentar, é mais difícil estimar a massa corporal do Nsungwepithecus, mas provavelmente teria sido um pouco menor", declarou à AFP.
Todos os fósseis anteriores de cercopitecoides e hominídeos datavam do Mioceno inferior, entre 23 e 5 milhões de anos atrás.
A equipe informou que suas descobertas sugerem que a diversificação de símios e macacos do "Velho Mundo" pode ter se ligado a uma paisagem em transformação na África causada por movimentos tectônicos em uma época em que os continentes estavam se aproximando de suas posições atuais.
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