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Nokia 5.4 é evolução do 'tijolão': bateria empolga, mas resto é bem básico

Nokia 5.4 - Lucas Carvalho/Tilt
Nokia 5.4 Imagem: Lucas Carvalho/Tilt

Lucas Carvalho

De Tilt, em São Paulo

14/07/2021 04h00

Por muitos anos a marca Nokia foi sinônimo de celular "tijolão". O clássico modelo 3310, que ganhou um remake em 2017, marcou gerações pelo conjunto de funções básicas, a bateria de longa duração e o corpo plástico pesado e resistente. Mas não é só de celulares básicos que vive a Nokia.

Comprada pela finlandesa HMD Global em 2016, a marca hoje ilustra celulares modernos, com sistema Android, tela grande e várias câmeras. O Nokia 5.4 é o lançamento mais recente da empresa no Brasil, com preço sugerido de R$ 1.999. E é o ator principal do review de hoje.

O Nokia 5.4 mantém a tradição da marca quando o assunto é bateria, oferecendo quase dois dias de autonomia. Porém, o desempenho básico remete aos anos de ouro da empresa, com alguns momentos de lentidão que chegam a incomodar.

Colocando os prós e contras na balança, será que o Nokia 5.4 é o celular ideal para você? Descubra nos próximos parágrafos.


Nokia 5.4

Preço

R$ 1.999 R$ 1.499 (Shopping UOL - 13/07/2021) Comprar
TILT
3,5 /5
ENTENDA AS NOTAS DA REDAÇÃO

Baixa resolução e níveis de brilho tornam a experiência um pouco limitada em jogos, séries e filmes

Competente em ambientes bem iluminados, mas com tendência de exagerar nos tons frios

Conjunto de quatro câmeras mais erra do que acerta na maioria das vezes

Demora alguns segundos para abrir apps básicos e falta fôlego para aplicativos mais complexos

Dura quase dois dias com folga, apesar do longo tempo de recarga

Pontos Positivos

  • Bateria de 4.000 mAh dura quase dois dias mesmo com uso mais intenso
  • Android 100% puro garante uma experiência livre de apps pré-instalados e recursos redundantes, além de garantir atualizações de segurança

Pontos Negativos

  • Conjunto de cinco câmeras (quatro atrás e uma na frente) erra mais do que acerta e derrapa em cenas que não sejam muito bem iluminadas
  • Desempenho limitado faz com que apps básicos demorem alguns segundos para abrir e aplicativos mais pesados chegam a engasgar

Veredito

Os principais trunfos do Nokia 5.4 são o Android 100% "puro" que nenhum concorrente usa no Brasil e a bateria que dura dois dias. Mas como os clássicos "tijolões" da marca, este aqui é básico em todo o resto: o desempenho é limitado, a tela tem baixa resolução e as câmeras derrapam em diversos tipos de cenas.

O UOL pode receber uma parcela das vendas pelo link de compra recomendado neste conteúdo. Preços e ofertas da loja não influenciam os critérios de escolha editorial.

A tela do Nokia 5.4 possui 6,39 polegadas (16,2 centímetros de uma ponta à outra na diagonal). Trata-se de um painel grande, com bordas finas, exceto pelo "queixo" na parte inferior que abriga o logo da fabricante e um furinho no canto superior esquerdo para a câmera frontal.

Este é um painel LCD que não alcança níveis muito altos de brilho. Usando o celular ao ar livre, sob o sol forte, tive alguma dificuldade para enxergar tudo. Mas os ângulos de visão são bons e as cores são neutras, confortáveis de olhar.

O maior problema aqui é a resolução HD+ (720 x 1.560). Se eu me esforçar um pouco, consigo até ver os pixels individuais na tela. Para jogos, vídeos, filmes e séries, essa resolução baixa compromete. E concorrentes como Samsung, Motorola e Xiaomi já oferecem aparelhos com resoluções maiores nessa mesma faixa de preço.

nokia - Lucas Carvalho/Tilt - Lucas Carvalho/Tilt
Imagem: Lucas Carvalho/Tilt

Mantendo a fama de "tijolão", o Nokia 5.4 é um celular... "parrudo". Além da tela grande, o corpo do celular possui 8,7 milímetros de espessura e cerca de 180 gramas. É um aparelho que enche a mão.

Mas o design é confortável para usar com uma mão só, principalmente por conta da tela mais estreita e pelas leves curvas na traseira que facilitam a pegada. O corpo em plástico também ajuda a mantê-lo mais leve do que outros aparelhos do mesmo tamanho.

Enquanto o 3310 tinha fama de quebrar o piso ao cair no chão, este aqui é mais modesto. Como qualquer celular comum, a tela de vidro não se garante numa queda. Felizmente ele vem com uma capinha salva-vidas de silicone na caixa, para quem preferir uma camada extra de proteção.

O plástico brilhante na traseira significa que ele não esconde marcas de dedo. O modelo de cor azul que eu testei, porém, tem uma pintura formada por pequenas linhas que disfarçam melhor a sujeira. O Nokia 5.4 também está disponível na cor roxa.

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Imagem: Lucas Carvalho/Tilt

É na traseira também onde fica o leitor de impressões digitais, numa posição bem confortável e que mais empresas deveriam imitar. Assim como o conector P2 para fones de ouvido, que está quase em extinção e aqui foi felizmente preservado.

Os "tijolões" clássicos da Nokia fizeram a marca ficar conhecida por celulares com bastante bateria. O Nokia 5.4 sustenta essa fama: no uso regular, o aparelho dura, tranquilamente, quase dois dias longe da tomada, assim como a fabricante promete.

A bateria aqui é de 4.000 mAh, mas o processador básico e a tela de baixa resolução ajudam a esticar a vida útil do aparelho. Num dia de uso comum, com navegação em redes sociais, streaming de vídeo e música, o celular começou o dia em 100% e terminou acima dos 70%. E quase não perdeu carga durante a noite.

No nosso teste padrão de bateria, que consiste em deixar um vídeo rodando em looping até o celular se esgotar (com conexão wi-fi), o Nokia 5.4 durou mais de 7 horas. É melhor do que o antecessor, o Nokia 5.3, mas ainda não é suficiente para figurar entre os verdadeiros campeões de bateria que já testamos por aqui, como o Poco X3, da Xiaomi.

O tempo de recarga, por sua vez, é bem lento: o Nokia 5.4 levou mais de 2 horas e meia para ir de 0% a 100% usando o carregador original, que é USB-A numa ponta e USB-C na outra. Se o carregador fosse um pouco maior e o cabo fosse USB-C nas duas pontas esse tempo poderia ser um pouco menor.

Se a bateria é um destaque positivo, o desempenho, por sua vez, está longe de chamar muita atenção. Equipado com um processador Snapdragon 662 e 4 GB de memória RAM, o celular testado dá conta de tarefas básicas, mas é despreparado para rotinas mais exigentes.

O aparelho leva alguns segundos para abrir apps comuns (e pesados) como TikTok, YouTube, Spotify e Google Maps. Mas se sai melhor nos aplicativos mais básicos, como WhatsApp, Twitter e Gmail. Não o vi travar completamente, mas há alguns engasgos aqui e ali que tendem a piorar com o passar do tempo.

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Imagem: Lucas Carvalho/Tilt

Em apps realmente exigentes, como o jogo Free Fire, o desempenho é um pouco desesperador. Ele só consegue rodar games complexos com os gráficos no nível mais baixo e tem sérios problemas com atrasos de imagem (lag). Se você quer um celular para jogar ou trabalhar, este não é muito recomendável.

O que o Nokia 5.4 tem a seu favor, porém, é o software. Como membro do programa Android One, do Google, o celular usa uma versão bem mais limpa do Android e sai da caixa praticamente livre de apps pré-instalados (exceto por aqueles do próprio Google, que é quem faz o Android).

Teoricamente o Android One garante prioridade na fila de atualizações, mas há controvérsias. Até o fechamento deste review, o modelo que eu testei ainda está rodando o Android 10 que veio pré-instalado. A Nokia prometeu o Android 11 para o fim de junho, mas por aqui a atualização ainda não chegou.

As câmeras do Nokia 5.4 também são básicas. Isto é, dão conta de situações comuns, mas derrapam em cenas mais complexas e passam longe de impressionar. Ao todo, são cinco:

  • lente principal de 48 MP;
  • lente ultra grande-angular de 5 MP;
  • lente macro de 2 MP;
  • sensor de profundidade de 2 MP;
  • câmera de selfies de 16 MP.

Em condições normais, com boa iluminação, a lente principal de 48 MP até consegue registrar fotos bacanas, com bons contrastes e cores vivas. Mas em ambientes mais escuros ou com iluminação artificial, dá para ver suas limitações: algumas fotos acabam saindo meio pálidas.

nokia - Lucas Carvalho/Tilt - Lucas Carvalho/Tilt
Imagem: Lucas Carvalho/Tilt

A câmera grande-angular, por sua vez, é bem fraca. Ela serve para capturar mais conteúdo numa só imagem, mas a definição fica muito prejudicada. As fotos com essa lente ficam esfumaçadas, com alguns pontos literalmente borrados e várias aberrações cromáticas — manchas coloridas que não existem no mundo real e aparecem como fantasmas na foto.

Já a lente macro serve, em teoria, para tirar fotos de detalhes de objetos bem de perto sem perder o foco. Mas quando estou no modo macro, o app de câmera pede para manter 4 centímetros de distância do objeto fotografado (o que por si só já arruína o conceito de "detalhe") e nunca consegue acertar o foco.

O sensor de profundidade serve para borrar o plano de fundo em fotos com "modo retrato". Em vez de borrar tudo por igual, o nível de detalhamento do segundo plano vai diminuindo com a distância. No fim das contas o efeito fica um pouco menos artificial e ajuda a disfarçar algumas falhas no recorte.

A câmera frontal, por sua vez, tem os mesmos problemas da lente principal: boa quando a iluminação é bacana, fraca em ambientes pouco iluminados ou com luz artificial. Ela ainda tende a borrar detalhes muito complexos, como fios de barba ou de cabelo, e tende a deixar a imagem com um tom mais frio.

Fotos tiradas com o Nokia 5.4

Lançado no Brasil por R$ 1.999, o Nokia 5.4 é uma compra difícil de recomendar por esse preço todo. Concorrentes como Motorola, Xiaomi e até a recém-chegada Realme oferecem opções mais baratas e que superam a Nokia em bateria, desempenho e câmeras.

No entanto, já é possível encontrar o Nokia 5.4 no varejo custando menos de R$ 1.300. Nessa faixa de preço fica um pouco mais fácil. O problema é que o aparelho tem pouco a oferecer de "exclusividade" que o faça superar os concorrentes.

O principal trunfo do Nokia 5.4 é o Android 100% puro que nenhum concorrente usa. Por outro lado, as atualizações do aparelho não são tão rápidas quanto era de se esperar para uma empresa que se orgulha do selo "Android One".

Se você mesmo assim optar por comprar o Nokia 5.4, saiba que está levando para casa um aparelho que se destaca pela bateria. Não espere tanto dos demais quesitos.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Especificações técnicas
  • Sistema Operacional

  • Android 10

  • Dimensões

  • 1,61 x 7,6 x 0,8 cm

  • Resistência à água

  • Não

  • Cor

  • Azul e roxo

  • Preço

  • R$ 1.999

Tela
  • Tipo

  • LCD

  • Tamanho

  • 6,39 polegadas

  • Resolução

  • HD+ (720 x 1560)

Câmera
  • Câmera Frontal

  • 16 MP

  • Câmera Traseira

  • 48 MP + 5 MP + 2 MP + 2 MP

Dados técnicos
  • Processador

  • Snapdragon 662

  • Armazenamento

  • 128 GB

  • Memória

  • 4 GB

  • Bateria

  • 4.000 mAh