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Vision Pro: Apple lança óculos que integram vida digital ao mundo físico

Apple Vision Pro, óculos de realidade aumentada e virtual da Apple - Reprodução
Apple Vision Pro, óculos de realidade aumentada e virtual da Apple Imagem: Reprodução

Bruna Souza Cruz e Marcella Duarte

De Tilt, em Cupertino (EUA)* e em São Paulo

05/06/2023 15h50Atualizada em 10/06/2023 11h52

É oficial. A Apple entrou de vez no mercado de realidade virtual com os óculos Vision Pro, seu primeiro novo aparelho desde o relógio inteligente Apple Watch, de 2015.

Em formato de óculos de ski e equipado com telas e sensores de última geração, ele custará a partir de US$ 3.499 — um preço elevado para a categoria. O anúncio foi realizado durante a conferência internacional para desenvolvedores, a WWDC 2023, que acontece ao longo desta semana na Califórnia (EUA) e está sendo acompanhada de perto por Tilt.

É o primeiro produto da Apple em que você olha através dele, não para ele. Com o Vision Pro, você não está limitado a telas Tim Cook

Nas palavras do chefão, o aparelho é "magicamente controlado pelos olhos e mãos". A aposta da Apple é fazer com a realidade aumentada a mesma revolução que já fez com a computação pessoal, ao lançar o Mac, e com a telefonia móvel, com o iPhone. Durante a apresentação, todos os executivos tentaram imprimir essa visão.

Da mesma maneira que MAC nos introduziu a computação pessoal e o iPhone trouxe o computador móvel, o Vision Pro introduz a 'computação espacial' Tim Cook

Computação espacial

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Apple Vision Pro
Imagem: Reprodução

A nova aposta da Apple gira em torno da ideia de computação espacial, ou seja, a integração de elementos gráficos a áreas do mundo real com o auxílio de um aparelho.

Isso quer dizer que o Vision Pro permitirá o seguinte: graças às lentes dos óculos, você verá elementos gráficos adicionados ao ambiente em que está fisicamente. Poderão ser telas mostrando videoconferências, exibindo filmes ou mesmo ícones de aplicativos que você poderá tocar para abrir.

Para fazer isso, o aparelho é capaz de medir e processar a escala dos objetos, seja uma cama ou um sofá, e lidar com as distâncias entre eles.

Se uma pessoa estiver ao seu lado enquanto você usa os óculos, uma imagem dela aparecerá nas lentes do dispositivo para você reconhecer que há alguém ali.

Como funciona a realidade mista do Vision Pro?

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Jogando game da NBA com o Vision Pro
Imagem: Reprodução

No geral, realidade mista significa que o dispositivo é capaz de alternar entre uma experiência totalmente imersiva (realidade virtual) e elementos misturados ao ambiente real (realidade aumentada). Por exemplo:

Realidade virtual (VR): uma reunião no metaverso ou um jogo de PlayStation com o PS VR;

Realidade aumentada (AR): um jogo de Pokémon Go, um app que usa a câmera do celular para inserir móveis em um cômodo ou sistemas para "provar" roupas virtualmente.

O Vision Pro é capaz de alternar entre estas duas modalidades. Para isso, basta girar uma digital crown (coroa digital), uma catraca como a do relógio Apple Watch.

Uma vez no ambiente de realidade aumentada, haverá um teclado virtual e um menu reunindo aplicativos mais usados.

Com pequenos gestos com os dedos, será possível dar comandos a esses elementos gráficos, como acionar um aplicativo, colocar um filme para tocar ou digitar no teclado virtual. Também dá para ativar a Siri, que estará integrada ao aparelho.

Diferente do Oculus Quest, da Meta, que é apenas de VR e inclui duas manoplas para rastrear as mãos da pessoa, o dispositivo da Apple tem diversos sensores embutidos, capazes de detectar o movimento das mãos e dos olhos. Ou seja, só precisa dos óculos para funcionar.

Vision Pro: o que tem dentro dele?

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Óculos Vision Pro, da Apple, com bateria externa que dá autonomia de até duas horas
Imagem: Divulgação

Para dar vida ao Vision Pro, a Apple desenvolveu um novo sistema operacional, o visionOS. O aparelho é uma avalanche de tecnologia: tem mais de 5 mil patentes envolvidas e é equipado com 12 câmeras, 6 microfones e 5 sensores (movimento, proximidade, gesto etc).

  • Áudio: Sai de uma área próxima à haste dos óculos. Conforme se caminha e se aproxima de elementos digitais, o som emitido por eles aumenta ou diminui. A ideia da Apple foi criar uma espécie de áudio espacial ambiente, para dar a sensação de que o som circula ao redor da pessoa. Os óculos analisam os materiais do espaço com um rastreador e distribuem o áudio, para parecer que vem de vários lugares.
  • Imagem: As lentes dos óculos são, na verdade, displays de microOLED com 23 milhões de pixels. O aparelho conta com uma combinação do chip M2, que já equipa computadores Mac, e do novo R1, desenvolvido especialmente para o Vision Pro. Isso diminui o atraso entre um comando e a resposta a ele, para que você tenha a mesma qualidade de imagem para qualquer lugar que olhar. Também reduz sensação de náusea, comum no uso destes dispositivos.
  • 3D e novas imagens: No Vision Pro, os filmes 3D definitivamente chegam à casa ou melhor, aos olhos, de quem vê. Nas imagens panorâmicas tiradas com o iPhone, dá para ver detalhes, como se você estivesse na cena captada. O aparelho inaugura duas novas modalidades de produção de imagem: os "vídeos espaciais" e as "fotos espaciais", ou seja, feitos com suas novas câmeras 3D.
  • Bateria: O aparelho tem uma bateria externa (uma caixinha ligada aos óculos por um fio), com duas horas de autonomia. Também é possível manter o aparelho conectado à tomada para uso ininterrupto.
  • Segurança: O Vision Pro inaugura ainda um novo método de segurança, o Optic ID. Em vez de recorrer ao reconhecimento facial ou à biometria dos dedos, o aparelho escaneia a retina do dono para liberar seus conteúdos.

Qual é o público-alvo?

É marcante o fato de a Apple lançar uma categoria de produto inteiramente nova, em uma tecnologia que ainda não é consolidada, e com um tão preço alto.

Provavelmente, é um posicionamento: a empresa está mostrando o que pode fazer, e não necessariamente quer lucrar com isso. As primeiras unidades devem ser focadas em desenvolvedores, que podem encontrar aplicações e ajudar a melhorar a experiência do óculos.

Este mercado ainda está evoluindo e é dominado pela Meta, que lançou o Quest 3 na na última quinta-feira (1º), a partir de US$ 500. Outro concorrente é o HoloLens, da Microsoft, este sim de realidade mista (um sistema mais caro), focado no uso por empresas, com preço a partir de US$ 3.500.

*A jornalista viajou a convite da Apple