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IA em todo lugar: como Google fará email, planilhas e textos por você

Aparna Pappu, vice-presidente de engenharia do Google, durante apresentação de novidades nas planilhas do Google - Reprodução
Aparna Pappu, vice-presidente de engenharia do Google, durante apresentação de novidades nas planilhas do Google Imagem: Reprodução

Gabriel Francisco Ribeiro

De Tilt, em Mountain View (Califórnia)*

10/05/2023 14h40

"IA em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" poderia ser o nome de um filme do momento, mas é a resposta do Google ao tsunami de inteligência artificial que provocou a transformação do mundo digital nos últimos meses. A empresa norte-americana anunciou nesta quarta-feira (10) que diversos de seus produtos, como Gmail, Planilhas e Documentos, receberão nos próximos meses funções novas, todas trabalhadas em IA.

O que vai mudar

"Ajude-me a escrever no Gmail e Documentos Google" é o nome da solução dada pelo Google. Por meio dela, um assistente inteligente integrado com o PaLM 2, novo e mais moderno modelo de linguagem anunciado pelo Google, poderá fazer tarefas por você, como escrever um texto.

Será possível, por exemplo, pedir para a IA criar a descrição de uma vaga de emprego. É algo similar ao que já é possível fazer pelo ChatGPT, da Open AI, ou no próprio Bar. , do Google. A promessa é que textos gerados sejam similares àqueles produzidos por humanos —ou até com menos erros.

No Planilhas Google, um assistente integrado te ajudará a produzir planilhas totalmente do zero. Bastará inserir um comando em texto do que é preciso fazer, e ele montará a planilha. É como se você conversasse com um estagiário para explicar o que quer —seja para somar um valor em uma coluna ou para obter alguma divisão.

A ideia que embasa todos os avanços de IA atualmente é acelerar a produtividade das pessoas e deixar tarefas do dia a dia a cargo desses modelos de linguagem, que podem trabalhar para diversos propósitos.

O que está por trás disso

Os anúncios do Google ocorrem após um semestre de revolução nas empresas promovidas após o assombro trazido pelo ChatGPT, que foi uma primeira IA a sair da "bolha" da tecnologia e impactar a rotina das pessoas —empresas gigantes como Google, Facebook e outras já faziam há anos testes nesse sentido, mas evitavam liberar a tecnologia antes de estar estável.

A partir do chatbot, surgiram diversas extensões de terceiros — inclusive no Chrome, do Google — que possibilitavam funções de performance como pedidos para escrever um email ou ajuda em planilhas.

Ao ver esse movimento, o Google acelerou os esforços de sua área de IA. Há anos, ferramentas assim já detectam malware ou spam automaticamente, além de autocompletar seus textos no Gmail. O objetivo dessa fez era para liberar aos usuários finais funcionalidades de assistentes embutidos que fossem muito mais inteligentes do que o antigo clipe do Word —lembra dele?

O ambiente da IA tem sido marcado por otimismo de um lado e criticismo de outro, com cientistas levantando questões como os perigos causados por ela. Entre eles, estão as eventuais mudanças no mercado de trabalho ou, pior, o receio de que a IA finalmente supere humanos em executar tarefas e ganhae "vida própria".

O caminho ainda é longo. Não está claro se os novos avanços de IA do Google nos serviços de ambiente de trabalho serão personalizados para cada usuário, algo que poderia distinguir essas ferramentas das de outras do mercado.

*O jornalista viajou a convite do Google