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Snoopy volta à Terra após ir até a Lua na missão Artemis; o que ele fez lá?

Um Snoopy de pelúcia foi um dos passageiros da cápsula espacial Orion, que orbitou a Lua na missão Artemis 1 - Nasa/Isaac Watson
Um Snoopy de pelúcia foi um dos passageiros da cápsula espacial Orion, que orbitou a Lua na missão Artemis 1 Imagem: Nasa/Isaac Watson

Rodrigo Lara

Colaboração para Tilt, em São Paulo

22/01/2023 04h00

Você sabia que o Snoopy já foi até a Lua? Não estamos falando de algum episódio do desenho animado do Charlie Brown, mas sim de uma pelúcia do adorável beagle criado pelo cartunista Charles Schulz.

Devidamente trajado como astronauta, um Snoopy viajou na cápsula Orion, da missão Artemis 1, que pousou no oceano Pacífico do dia 11 de dezembro, após uma viagem de 25 dias ao redor da Lua.

Um pequeno passo para um cãozinho; um grande passo para a humanidade.

snoopy artemis astronauta lua - Nasa - Nasa
Imagem: Nasa

Recentemente, ele retornou em segurança para as mãos da Nasa.

Mas o que um cachorro fazia dentro da nave espacial?

Simples: ele era o Indicador de Gravidade Zero (IGZ). Basicamente, se estivesse flutuando, significava que a Orion estava fora da força gravitacional da Terra.

É claro que os controladores da missão sabem, pelos instrumentos, quando o interior da cápsula experimenta a gravidade zero, mas é interessante haver um indicador visual — melhor ainda se ele for fofinho.

Ter um IGZ é uma tradição das missões espaciais, desde 1961, quando o russo Yuri Gagarin se tornou o primeiro humano a entrar no espaço — ele levou uma pequena boneca. Depois, já vimos os mais variados bichinhos de pelúcia dentro das naves e da Estação Espacial Internacional (ISS).

Snoopy missao artemis  - Nasa - Nasa
Pelúcia flutuando indica Zero-G (gravidade zero)
Imagem: Nasa

O Snoopy estava preso a uma coleira, para não se perder no interior da cápsula.

Apesar de a missão não ter passageiros humanos, ele não estava sozinho. Ao seu lado, havia mais um objeto curioso: o "astronauta" Comandante Moonikin Campos — um trocadilho com as palavras "moon" (lua, em inglês) e manequim, e uma homenagem a Arturo Campos, engenheiro da Nasa falecido em 2001.

Equipado com sensores, o boneco registrou o que pode acontecer com os tripulantes das futuras missões à Lua, e testou um novo traje espacial.

Moonkin Campos e Snoopy - Nasa - Nasa
Moonkin Campos e Snoopy eram os tripulantes da cápsula Orion, na missão Artemis 1
Imagem: Nasa

Parceria de longa data

A Nasa e o Snoopy têm uma história antiga, que data do programa Apollo, entre as décadas de 1960 e 1970. Ele foi escolhido como um mascote, símbolo da cultura de segurança e das viagens bem-sucedidas na "era de ouro" da agência espacial norte-americana.

"Por mais de 50 anos, Snoopy colaborou com a empolgação das pessoas acerca das missões espaciais da Nasa", declarou a agência. Os módulos lunares e de comando da Apollo 10, de 1969, foram batizados, respectivamente, de Snoopy e Charlie Brown.

Além disso, uma das maiores honrarias da Nasa é o prêmio Silver Snoopy (Snoopy Prateado), destinado a colaboradores responsáveis por trazer astronautas de volta à Terra em segurança.

"A Nasa escolheu Snoopy como IGZ da missão Artemis 1 pois ele é corajoso, aventureiro e experiente — Snoopy já voou no espaço! Uma pelúcia dele já esteve a bordo até da Estação Espacial Internacional", disse a Nasa em um comunicado para crianças.

O cãozinho é a estrela de vídeos e materiais educativos, incluindo uma pequena cartilha em português, que professores podem imprimir para aulas, e o seriado "Snoopy no Espaço", disponível na Apple TV+.

Humanos de volta à Lua

A missão Artemis 1 foi o primeiro voo do SLS (Space Launch System ou Sistema de Lançamento Espacial), o novo e mais poderoso foguete da Nasa, e da cápsula Orion.

Ela foi lançada em 16 de novembro de 2022, circulou a Lua, chegou o mais longe possível da Terra e retornou, tendo percorrido 2,3 milhões de quilômetros pelo espaço.

O objetivo foi testar os sistemas e a segurança da nave, antes de uma futura missão tripulada.

A meta da Nasa é que o ser humano volte a pisar na Lua em 2025 — mais de 50 anos depois da última vez que isso ocorreu — na missão Artemis 3.

Ao que tudo indica, Artemis 1 foi um sucesso, inclusive na resistência à radiação espacial e no revestimento térmico, que garante a integridade da nave durante a reentrada na atmosfera — quando o atrito com o ar pode fazer a superfície chegar a quase 1.500°C.

A cápsula Orion está no Kennedy Space Center (KSC), na Flórida (EUA), onde engenheiros a estão desmontando e analisando, para conferir se ela é realmente capaz de atender às demandas de uma viagem tripulada. O mesmo vale para o traje espacial usado pelo manequim, que os astronautas de carne e osso devem vestir na missão Artemis 2 — que apenas orbitará a Lua, sem pousar, em 2024.