Topo

Chuva de meteoros, eclipse solar e Lua Rosa: acompanhe o céu em abril

Getty Images/iStock
Imagem: Getty Images/iStock

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt, em São Paulo

07/04/2022 12h56

Após um céu monótono nos primeiros meses de 2022, começou a época de grandes eventos astronômicos. Alguns dos mais aguardados do ano acontecem em abril: a chuva de meteoros Lirídas e um eclipse do Sol, parcialmente visível na América do Sul.

Além deles, uma bela Lua cheia (conhecida como "Lua Rosa") e boas chances de observar Mercúrio a olho nu completam os espetáculos celestes do mês.

E lembre-se: quanto mais alto você estiver e mais limpo for seu horizonte, sem prédios ou luzes artificiais, melhor. Um par de binóculos ou uma câmera com bom zoom ajudarão a deixar a observação mais interessante e render registros.

Um site ou app de astronomia (como Skywalk, Starchart, Sky Safari ou Stellarium) são muito úteis para encontrar a posição dos objetos e os horários de visibilidade em sua região. Confira a seguir os principais destaques.

16/4: Lua cheia - "Lua Rosa"

Um belo dia para observar a Lua, que estará com 100% de iluminação. A Lua cheia de abril é chamada de "rosa", por povos nativos norte-americanos, pois marca a chegada da primavera —aqui no Hemisfério Sul, iniciamos o outono. Mas isso não quer dizer que nosso satélite estará de fato rosa ou de qualquer outra cor; é somente uma metáfora.

Ela nascerá logo após o pôr do sol, por volta das 18h —o horário exato em sua cidade pode ser consultado nos apps. E o melhor horário para observar é justamente este, a primeira hora após nascer, pois a Lua pode mostrar belas variações de tonalidade e aparenta estar ainda maior, devido ao efeito da refração atmosférica e à comparação com os referenciais terrestres.

22/4: Chuva de meteoros Líridas

A primeira das mais famosas chuvas de meteoros do ano. Ela fica ativa entre 15 e 29 de abril, atingindo seu pico entre os dias 21 e 23. É mais intensa no Hemisfério Norte, onde podem ser vistos até 20 meteoros por hora. No Brasil, este número deve ficar entre 10 e 15; quanto mais ao Norte do país, mais chances de observar.

A Líridas é causada por resquícios do cometa Thatcher (C/1861 G1). Ela acontece uma vez por ano, nesta época. É quando a Terra, em seu movimento de translação em torno do Sol, cruza a órbita do cometa, onde flutua uma trilha de destroços e poeira. Durante quase um mês, algumas dessas partículas atingem nossa atmosfera em alta velocidade, causando as belas "estrelas cadentes".

O seu radiante —ponto de onde os meteoros aparentam convergir— é a Constelação de Lira (por isso o nome). É bem visível a olho nu, sem necessidade de telescópios ou equipamentos especiais. Basta procurar um local escuro e esperar atentamente.

28/4: Elongação máxima de Mercúrio a Leste

Dos cinco planetas visíveis a olho nu, Mercúrio é o mais difícil de se observar, por estar muito próximo do Sol, que ofusca até os mais potentes telescópios. Por isso, as chamadas elongações, quando ele se afasta o máximo possível de nossa estrela, são as melhores chances.

No fenômeno de abril, ele pode ser visto na hora do pôr do Sol. Olhe para oeste (mesma direção em que o Sol se põe) entre 17h15 e 18h15, conforme o céu fica colorido e escurece. Preste muita atenção e procure uma "estrela" branca com brilho fixo, perto do horizonte, acima e à direita do Sol. Mercúrio ainda poderá ser visto neste ponto durante as duas semanas seguintes.

30/4: Eclipse solar parcial

Para fechar o mês com chave de ouro, a Lua vai passar na frente do Sol, encobrindo um pedaço dele. Infelizmente, a maior área de visibilidade deste belo evento estará sobre o Oceano Pacífico.

O fenômeno poderá ser bem observado apenas em partes da América do Sul: Chile, Argentina, Uruguai, Peru, Bolívia, Paraguai, e uma área bem pequena do Brasil, na pontinha do Rio Grande do Sul.

O ápice do eclipse acontece durante o pôr do Sol, por volta das 17h41 (horário de Brasília). Quando mais ao Sul, mais visível: na Argentina, será possível ver até 54% do Sol coberto pela sombra da Lua, como se tivesse sido "mordido". No Brasil, nas poucas cidades do RS, será bem mais tímido.

30/4: "Lua Negra"

Normalmente, cada mês abriga apenas uma de cada fase da Lua (cheia, minguante, nova, crescente). Mas, como o período sinódico (tempo entre duas fases iguais; por exemplo, entre uma Lua cheia e a próxima) de nosso satélite é de cerca de 29,5 dias, alguns raros meses possuem duas ocasiões de alguma delas, uma na primeira semana e uma na última.

Este é o caso de abril, que teve uma Lua nova iniciada no dia 1º e terá outra no dia 30. Quando isto acontece, a segunda Lua nova em um mesmo mês recebe o apelido de "Lua Negra". Mais uma vez, é apenas uma metáfora; não haverá qualquer fenômeno visual diferente. No fenômeno, ela fica por um tempo sem ser iluminada pelo Sol.

Não é possível ver a Lua, mas —como toda fase nova— é um ótimo momento para observar os outros objetos do céu noturno, como estrelas e planetas, pois o forte brilho de nosso satélite não estará presente para ofuscá-los.