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Sem Uber, internet e ciberataques: 5 fatos sobre invasão russa na Ucrânia

De Tilt*, em São Paulo

24/02/2022 13h17

Na noite de quarta-feira (23), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, autorizou ataques a territórios da Ucrânia, e a população do país já sofre com indisponibilidade de serviços, internet instável e ataques hackers a sites do governo.

Até o momento, os serviços da Uber pararam de funcionar nas principais cidades do país, sites de diferentes ministérios ficaram fora do ar, e a cidade de Kharviv, a segunda maior da Ucrânia, está com conexão instável à internet.

Confira a seguir 5 impactos diretos da mais grave crise militar na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Mapa Ucrania - Arte/ UOL - Arte/ UOL
Imagem: Arte/ UOL

1 - Kharviv sem internet

Por volta de 2h da manhã (horário de Brasília), a NetBlocks, plataforma que monitora queda nos serviços de internet pelo mundo e ataques virtuais, informou que minutos após uma grande explosão em Kharviv, usuários da operadora de banda larga Triolan começaram a reclamar da falta de conexão de rede e telecomunicações.

Durante a manhã desta quarta, a entidade comunicou em um tuíte que "Kharviv continua a sofrer o impacto das interrupções de rede e telecomunicações, deixando muitos usuários isolados em meio a cenas de destruição, enquanto a Rússia ataca a região".

Em 17 de fevereiro, as cidades de Luhansk e Donestsk ficaram sem internet móvel por quase uma hora devido a um problema na operadora Vodafone. Na ocasião, o governo ucraniano atribuiu a falha a uma sabotagem proposital a um cabo de fibra óptica, feita a mando do governo russo.

Até o momento, não há grandes relatos de problemas de conexão em Kiev, a capital da Ucrânia.

2. Uber indisponível

Segundo a agência de notícias Interfax, o aplicativo Uber parou de funcionar na Ucrânia. "Em função de tensões políticas e eventos recentes, decidimos suspender a operação da aplicação. A segurança de todos usuários é nossa principal prioridade. Continuamos a monitorar as circunstâncias e esperamos que esta situação seja temporária", diz comunicado da empresa

Apesar da indisponibilidade, plataformas locais de carona, como Bolt e Uklon, continuam funcionando.

3. Sites do governo fora do ar

Além dos bombardeios, foram registrados ataques de DDoS (negação de serviço) a vários sites governamentais, como Ministério de Relações Exteriores, Ministério de Assuntos Internos, Serviço de Segurança da Ucrânia e sites de gabinetes de ministros.

Nesse tipo de empreitada, são direcionadas várias requisições de acesso simultâneo, de modo a congestionar a página e tornar o acesso muito lento ou impossível.

Pesquisadores da empresa de segurança Eset descobriram um novo tipo de ataque que tem destruído dados de centenas de computadores na Ucrânia.

Segundo a companhia, o malware, chamado HermeticWiper, foi instalado em diversos computadores no fim de dezembro, indicando que a ação foi planejada há pelo menos dois meses. Sua ação consiste em corromper dados de um sistema, apagando-os para sempre.

4. Guerra cibernética

Há semanas que a Ucrânia tem sido alvo de diversos ataques cibernéticos. Sites bancários e governamentais (como do Ministério da Educação e da Ciência) ficaram indisponíveis ou com mensagens dizendo que "se preparem para o pior", mas logo voltaram ao normal. A Inteligência dos EUA culpou a Rússia pelas investidas.

Nos últimos anos, táticas envolvendo ameaças virtuais têm sido recorrentes em meio a questões diplomáticas e disputas geopolíticas entre diferentes nações.

Em 2015, por exemplo, os ucranianos atribuíram a hackers russos uma ação virtual que deixou 250 mil pessoas sem eletricidade no país. Houve uma investida semelhante no início deste ano envolvendo Rússia e Ucrânia.

Além da Ucrânia, Belarus sofreu um ataque ao seu sistema ferroviário em janeiro, o que impediu que a Rússia enviasse suas tropas para treinamentos. As nações são aliadas, e um grupo de hacker bielorrusso contrário ao envolvimento do país na disputa assumiu o ataque.

Ou seja, uma ação hacker bem executada pode hoje substituir um ataque físico, feito com mísseis.

Ataques militares feitos em conjunto com outras técnicas, como desinformação, sabotagem ou investidas em sistemas de computadores, são conhecidos como "guerra híbrida". É uma forma de desestabilizar adversários de diferentes formas simultaneamente.

5. Sanções

A tensão entre Rússia e Ucrânia aumentou nos últimos dias. Vladimir Putin já demonstrava que estava disposto a invadir o território ucraniano.

Com a ameaça crescente, os EUA e União Europeia formalizaram que a Rússia poderia sofrer sanções. E isso foi feito. A UE, por exemplo, publicou em seu Diário Oficial a decisão de congelar bens do ministro da Defesa, chefes militares russos, o chefe de gabinete do Kremlin, o ministro do Desenvolvimento Econômico e a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

Além disso, determinou a proibição de vistos contra eles.

Os Estados Unidos aplicaram sanções contra a empresa encarregada de operar o gasoduto Nord Stream II, que liga a Rússia à Alemanha, e bancos e oligarcas russos. Em resposta, a Rússia prometeu tomar uma atitude "forte" e "dolorosa".

*Com informações da BBC e agências internacionais