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Balé online? Menina de 12 anos faz EAD do Bolshoi e sonha em ser bailarina

Nathana Germiniani dos Santos, 12, faz curso de EAD do Bolshoi - Arquivo pessoal
Nathana Germiniani dos Santos, 12, faz curso de EAD do Bolshoi Imagem: Arquivo pessoal

Aurélio Araújo

Colaboração para Tilt

25/05/2021 04h00

Sem tempo, irmão

  • Por meio de vídeos, professores dão aulas de balé clássico
  • O curso é voltado para crianças de 8 a 12 anos e tem 12 módulos
  • É a primeira vez que o Bolshoi trabalha com a metodologia EAD
  • Para professor, o EAD não substitui as aulas no formato tradicional

Nathana Germiniani dos Santos tem 12 anos e pratica balé desde os 4. Já tentou entrar para a filial brasileira do Bolshoi, em Joinville (SC), ficou entre as finalistas, mas ainda não conseguiu passar na seleção. Com a pandemia, porém, o sonho ficou mais próximo: ela vem tendo aulas à distância com os professores da escola, no curso introdutório do Bolshoi.

Com a ajuda de uma plataforma de ensino a distância, professores da filial brasileira apresentam vídeos sobre balé clássico, noções de anatomia, música e história da dança. O curso, voltado para crianças de 8 a 12 anos, aproxima um pouco mais o teatro russo dos estudantes brasileiros. Para Nathana, é uma chance de se aprimorar e estudar para as provas do rigoroso balé.

O Teatro Bolshoi, em Moscou (Rússia), é uma das mais renomadas instituições artísticas do mundo. Sua companhia de balé é a maior do planeta, com mais de 200 bailarinos. A única filial que ela possui fora da Rússia é a escola localizada na cidade catarinense, inaugurada em 2000.

Como é de se esperar, a instituição possui estudantes de diversas origens: atualmente, têm representantes de 22 estados brasileiros e de três outros países. Todo ano, é aberta uma seleção para o ingresso de novos bailarinos, que tenham entre 9 e 12 anos.

O sonho de fazer parte do Bolshoi

Interessada em balé desde muito cedo, Nathana é natural de Correia Pinto, cidade de cerca de 15 mil habitantes, a mais de 300 km de Joinville (SC). A cidade não tem professores especializados, o que a obrigava a fazer aulas de balé no maior município da região, Lages.

Essa carência, porém, acostumou Nathana e a mãe, Beatriz, a pesquisarem mais sobre práticas e exercícios na internet por conta própria. O curso à distância do Bolshoi caiu como uma luva —esta é a primeira vez que a escola trabalha com a metodologia EAD (ensino à distância), num curso de 60 vídeos que custa R$ 959,40.

Nathana espera participar novamente de uma seleção do Bolshoi, dessa vez mais preparada. Ela e a mãe acreditam que o curso pode ajudar.

"Óbvio que a preparação de forma presencial é muito mais completa. Mas o curso tem um conteúdo muito rico, que já vai trazer noções muito pertinentes para quem quer fazer balé clássico", explica Maikon Golini, um dos professores.

Plataforma de EAD do Bolshoi  - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

São vídeos curtos, de três a seis minutos, em que professores e alunos do Bolshoi demonstram não apenas como fazer um determinado exercício, mas também as razões pelas quais eles devem ser feitos.

"A gente exemplifica o modo correto e o modo errado de fazer o exercício, para que a criança identifique se ela está realizando de forma não tão correta", explica o professor.

Adaptado para ser feito em casa, ele traz exercícios com objetos de fácil acesso, como cadeiras e toalhas.

As videoaulas são liberadas duas vezes por semana, mas a Nathana diz que dança todos os dias com o auxílio da tecnologia. "Esse é o lado bom do online, os vídeos são muito bem explicados e ficam lá, você pode ir repetindo, pausar e melhorar", diz.

Mas, claro, falta a interação entre alunos e professores.

Para tentar amenizar isso, as crianças enviam vídeos delas próprias fazendo a execução dos movimentos, e a tutoria responde, de forma escrita, o que pode ser corrigido.

Segundo a executiva-chefe da Scaffold Education, Sara Hughes, que desenvolveu a plataforma, no início havia muitas dúvidas se o método funcionaria. "Será que dá certo isso virtualmente? Será que eu posso acompanhar o crescimento do aluno a distância para algo físico? Nós mostramos que sim", conta. Mas o modelo foi considerado um sucesso e deve ser melhorado num futuro próximo com sensores de captação de movimentos.