Topo

Como super-ratazanas "bombadas" vão ajudar no trabalho dos astronautas

iStock
Imagem: iStock

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt

10/09/2020 15h29

A Estação Espacial Internacional (ISS) teve alguns curiosos moradores: ratos geneticamente modificados para serem supermusculosos. E eles conseguiram manter o físico de atleta por mais de um mês, de acordo com uma pesquisa publicada nesta semana.

Uma tripulação de 40 ratos pretos, apenas fêmeas, foi enviada ao espaço em dezembro de 2019, na cápsula Dragon, da SpaceX, que levou cargas científicas à ISS.

Dezesseis das ratas passaram por um processo de edição genética para remover a proteína chamada miostatina, que limita o crescimento dos músculos. Como resultado, desenvolveram cerca do dobro da massa muscular de um animal normal.

O objetivo dos pesquisadores do Laboratório Jackson da Universidade de Connecticut (EUA) era estudar os efeitos da microgravidade em organismos no espaço, principalmente a atrofia muscular e as perdas ósseas ­­—riscos que os astronautas enfrentam, obrigando-os a passar boa parte do tempo a bordo da ISS se exercitando.

Assim como os humanos, as 24 ratas sem modificação perderam cerca de 18% da massa óssea e muscular durante a estadia na microgravidade. Já oito ratas bombadas, que já chegaram na ISS com o dobro de massa, mantiveram a maioria dos músculos. As outras oito passaram pela edição genética após chegar no espaço, e voltaram à Terra mais fortes do que nunca.

Os animais foram cuidados por três astronautas da Nasa: Christina Koch, Jessica Meir e Andrew Morgan, que aplicavam injeções e faziam exames.

A tripulação de roedores retornou em janeiro, também em uma cápsula Crew Dragon, que pousou no Oceano Pacífico. Aqui na Terra, alguns dos animais comuns, que estavam fracos, receberam o tratamento "super mouse" (referência ao desenho animado), e recuperaram a massa muscular muito mais rápido do que os outros.

De acordo com a pesquisa, publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, a técnica poderia funcionar "não apenas para astronautas em longas missões, mas também para pessoas atrofiadas aqui na Terra, por exemplo, idosos ou pacientes acamados ou cadeirantes".

Mesmo com os resultados promissores com as ratazanas mutantes, a droga não deve ser injetada em astronautas tão cedo. O próximo passo da pesquisa deve ser levar os ratos para uma estadia mais longa na Estação Espacial.