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Animais 3D do Google entretêm, mas privacidade do recurso é incerta

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Imagem: Reprodução

Nicole D'Almeida

Colaboração para Tilt

02/04/2020 16h17Atualizada em 22/07/2020 18h10

Você já viu por aí amigos comentando que o Google permite colocarmos animais em 3D com a câmera do celular, usando RA (realidade aumentada). A gigante das buscas lançou isso durante o Google I/O de 2019, mas o recurso viralizou recentemente no Brasil.

Com ele, você consegue ver a espécie de animal escolhida no mundo real usando sua câmera, além de poder girá-lo, aproximá-lo e afastá-lo. É algo que lembra bastante aquele filtro de cachorro que bombou no Instagram no ano passado.

O recurso está disponível tanto para Android quanto para iOS. Entretanto, para usá-lo é preciso que seu celular seja compatível com ARCore ou ARKit, ou seja, compatível com os pacotes de programa de realidade aumentada do Google.

Para encontrar e projetar os animais não é preciso fazer download de nenhum app específico: você só precisa pesquisar o nome do bicho no Google, usando o navegador do celular.

Se seu aparelho for compatível com RA, aparecerá a opção "Veja um (nome do animal) em tamanho real bem de perto" e basta você tocar em "Veja em 3D". O Google informa aqui quais celulares são compatíveis.

No final há um botão de câmera caso você queira tirar foto do bicho na sua sala de estar.

Você pode usar esse recurso para ensinar aos seus filhos curiosidades sobre diversos tipos de animais disponibilizados em 3D pelo Google. São eles:

  • Animais terrestres: tigre, panda, leopardo, leão, guepardo, cabra, cavalo, urso, lobo, pônei, guaxinim, veado-de-cauda-branca, ouriço-terrestre, píton-real;
  • Áreas subaquáticas e pantanais: Pato-real, jacaré-norte-americano, tubarão-branco, tartaruga verde, polvo-comum, lophiiformes (peixe diabo-negro)
  • Aves: arara, pinguim-imperador, águia;
  • Animais Domésticos: rottweiler, gato, buldogue francês, pug, golden retriever, zwergspitz.

E a privacidade?

Muitos aplicativos pedem permissão de acesso à câmera e ao microfone. O do Google faz isso porque é preciso usar a câmera para ver o animal em realidade aumentada. Já outros apps pedem essa permissão mesmo que não façam uso desses equipamentos em nenhum momento.

Portanto, a pergunta é: podemos confiar na privacidade do recurso ao abrir a câmera dos nossos celulares para os bichinhos 3D, fotografando a nós mesmos nele?

O app dos animais de 3D não tem políticas e termos específicos: na verdade ele direciona para os termos de serviço e a política de privacidade de todos os serviços do Google. Eles podem ser acessados em um menu com três pontos verticais no topo direito da tela do celular, logo após clicarmos em "Veja em 3D" — e só nos celulares Android.

Neles, é dito que outros serviços do Google coletam, com a permissão do usuário, informações como "informações de voz e áudio quando você usa recursos de áudio" ou "pessoas com quem você se comunica ou compartilha conteúdo", mas nada é dito sobre o que é visualizado pela câmera do celular.

[ATUALIZAÇÃO 3.abr.2020 às 9h45] Procurado por Tilt, a assessoria de comunicação do Google Brasil enviou esta resposta: "O processamento para executar os recursos de Realidade Aumentada na Busca é feito no próprio dispositivo. Além disso, as imagens capturadas pela câmera não são compartilhadas com o Google, pois são baixadas diretamente no rolo da câmera dos usuários."

Especialistas ouvidos pela reportagem preferiram não comentar especificamente sobre a privacidade do recurso do Google, mas comentaram de modo geral como esses recursos costumam agir.

De acordo com Daniel Barbosa, especialista em segurança da informação da Eset, se damos ao recurso do Google permissão à câmera, significa que permitimos que o programa tenha acesso as imagens do ambiente quando ela está sendo usada. "Ainda assim, não significa que o Google está salvando essas imagens", diz.

Lucas Martins, gerente de desenvolvimento da empresa de segurança da informação Kryptus, diz que devemos atentar sempre para os termos de serviço nesses casos.

"A proteção de privacidade é feita por meio de políticas que definem quais dados do usuário serão coletados pelo aplicativo e como esses dados serão usados", explica. Em resumo, cabe a nós, usuários, autorizar ou não esses termos.

É natural o impulso de conceder todas as permissões só para usar logo a brincadeira, mas vale lembrar que cabe também a cada desenvolvedor dar o destino adequado ao uso dessa permissão.

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