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Estudo acha DNA preservado em fóssil de dinossauro de 75 milhões de anos

Osso supraoccipital preservado que ficava na parte de trás do crânio do Hypacrosaurus  - Alida Bailleul/Reprodução
Osso supraoccipital preservado que ficava na parte de trás do crânio do Hypacrosaurus Imagem: Alida Bailleul/Reprodução

De Tilt, em São Paulo

03/03/2020 20h11

Cientistas encontraram o DNA preservado de um dinossauro da espécie Hypacrossauro stebingeri, herbívoro que viveu há cerca de 75 milhões de anos na área em que hoje se encontra o estado de Montana, nos Estados Unidos. O estudo, publicado na National Science Review, analisa dois ossos do crânio de um exemplar juvenil da espécie.

Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte e da Academia Chinesa de Ciências encontraram dentro do fóssil elementos biológicos que comprovam a espécie, como algumas células com manchas escuras que se assemelham aos núcleos, estruturas celulares que armazenam o DNA e uma célula específica com pontos escuros emaranhados que se assemelham a cromossomos, os filamentos condensadores de proteínas e do DNA.

A fim de testar o material coletado, foram aplicadas manchas que se ligam ao DNA das células vivas nos fragmentos do crânio do dinossauro. O resultado foi a união do material aplicado dentro das células fósseis, fazendo-as brilhar em vermelho e azul fluorescente, que comprovaram a existência do material genético.

Segundo os pesquisadores, as manchas se ligaram às moléculas originais do dinossauro e não a contaminantes externos, como bactérias. Também foi alertado que o DNA presente nas células provavelmente está em pequenos fragmentos quimicamente alterados e emaranhados com o que antes eram proteínas.

O estudo consegue comprovar que fósseis podem preservar estruturas microscópicas, traços moleculares, pigmentos, proteínas e outros elementos.

Se o DNA realmente estiver intacto nos ossos, os cientistas podem precisar reavaliar a robustez da molécula. Estudos anteriores descobriram que o material genético se desintegra dos ossos após alguns milhões de anos.

O genoma completo mais antigo já sequenciado é de um cavalo que viveu há 700 mil anos na Sibéria, onde esteve congelado no pergelissolo desde sua morte. Os ossos do Hypacrosaurus são cem vezes mais velhos.

Segundo Mary Schweitzer, paleontóloga da Universidade Estadual da Carolina da Norte, os ossos são altamente porosos na vida, o que os torna capsulas imperfeitas durante a morte, onde as células do dinossauro preservadas foram provavelmente incorporadas a cartilagem. Essa estrutura pode ter protegido as células internas e seus constituintes químicos de maneira mais eficaz.

Para David Evans, paleontólogo do Museu Real de Ontário, a cartilagem fossilizada e calcificada pode ser o local ideal para procurar biomoléculas preservadas excepcionalmente em outros fósseis, onde esse tecido pode ter sido menos propenso a contaminação e deterioração interna do que os ossos.

"Na cartilagem calcificada, as células ficam presas e isoladas em sua matriz e têm maior probabilidade de serem preservadas em um microambiente selado", concluiu Evans.