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Cientistas encontram evidências de "população fantasma" na antiguidade

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

De Tilt, em São Paulo

12/02/2020 18h17

Traços de um ancestral desconhecido foram descobertos por pesquisadores após a análise de genomas de populações na África Ocidental. Estudos indicam que até um quinto do seu DNA vem de "parentes desaparecidos".

De acordo com o jornal britânica The Guardian, geneticistas suspeitam que os ancestrais dessa população procriaram com humanos arcaicos que ainda não tiveram suas origens descobertas, milhares de anos atrás, assim como os europeus antigos fizeram com os neandertais.

"Nos africanos ocidentais que olhamos, todos têm ascendência dessa população arcaica desconhecida", disse Sriram Sankararaman, biólogo que liderou a pesquisa na Universidade da Califórnia em Los Angeles, EUA.

Vale lembrar que, ao contrário de atualmente, o mundo já foi o lar de muitas espécies ou subespécies relacionadas a humanas. Acredita-se que, ao se conhecerem, essas reproduziram e deram origem a novas "espécies" - sendo muitas delas ainda desconhecidas, tais como as encontradas na África Ocidental.

Como resultado, os europeus modernos carregam diversos genes neandertais, enquanto os australianos, polinésios e melanésios indígenas carregam genes de denisovanos, outro grupo de humanos arcaicos.

Ainda segundo o The Guardian, pesquisas anteriores sugeriram que outros humanos antigos já percorreram ou povoaram a região africana, mas não foram encontrados fósseis ou DNA para examinar - até então.

Os cientistas Arun Durvasula e Sankararaman estudaram 405 genomas de quatro populações da África Ocidental e usaram técnicas estatísticas para determinar se um influxo de genes provenientes de cruzamentos provavelmente teria ocorrido no passado distante. A análise sugeriu a resposta positiva para todos os casos.

A partir disso, eles passaram a examinar os pedaços de DNA mais distantes dos genes humanos modernos e chegaram ao resultado em questão.

"Eles parecem ter tido um impacto bastante substancial nos genomas dos indivíduos atuais que estudamos", disse Sankararaman. "Eles representam 2% a 19% de sua ancestralidade genética".

As quatro populações estudadas vieram de três países: dois da Nigéria, um da Serra Leoa e um da Gâmbia.

As estimativas dos cientistas é de que a tal "população fantasma", como eles chamam, se separou dos ancestrais dos neandertais e dos humanos modernos entre 360 mil e 1 milhão de anos atrás. O grupo de talvez 20 mil indivíduos foi criado com os ancestrais dos modernos africanos ocidentais em algum momento nos últimos 124 mil anos.