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Xenobot: 1º robô feito de célula-tronco pode revolucionar cura de doenças

Modelo anatômico de um organismo projetado por computador (esq) e o robô vivo construído inteiramente a partir de células da pele de sapo (verde) e do músculo cardíaco (vermelho) - Sam Kriegman, UVM
Modelo anatômico de um organismo projetado por computador (esq) e o robô vivo construído inteiramente a partir de células da pele de sapo (verde) e do músculo cardíaco (vermelho) Imagem: Sam Kriegman, UVM

Bruna Souza Cruz

De Tilt, em São Paulo *

14/01/2020 14h05Atualizada em 15/01/2020 14h18

Os primeiros robôs vivos (é isso mesmo) com potencial de autocura criados a partir de células-tronco acabam de ser anunciados. Os pesquisadores responsáveis estão considerando a criação, chamada de xenobots, como uma nova forma de vida.

Segundo o estudo, feito por especialistas da Universidade de Vermont e da Universidade Tufts, ambas nos EUA, os xenobots são robôs feitos a partir de tecidos vivos. A pesquisa foi publicada na segunda-feira (13) na revista científica PNAS (Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, em tradução livre).

Para chegar aos resultados, os pesquisadores usaram células embrionárias (que podem se transformar em praticamente qualquer célula do organismo vivo) de uma espécie de sapo africana, chamada Xenopus Leavis. Daí, o nome dos microrobôs.

Visualmente, os xenobots não parecem robôs como os dos filmes. Não são feitos de metal, plástico ou qualquer material do tipo. Eles são minúsculos, um milímetro de largura, e possuem um material biodegradável.

Após diferenciá-las em estruturas da pele (mais estáticas) e do coração (que se contraem), seus respectivos comportamentos começaram a ser analisados com ajuda de microscópios.

Para Joshua Bongard, cientista da computação e um dos especialistas em robótica que lideraram o projeto, os xenobots não são um robô tradicional nem uma espécie conhecida de animal. "É uma nova classe de artefato: um organismo vivo e programável", destacou em um comunicado divulgado pela Universidade de Vermont.

Durante o processo, descobriu-se, com ajuda de simulação computacional, que as células tinham potencial de ser programadas para trabalhar com diferentes objetivos e podem ter habilidades futuras bem distintas, como:

  • Transporte direcionado de medicamentos dentro de corpos humanos;
  • Capacidade de limpar resíduos radioativos;
  • Coletar microplásticos nos oceanos, entre outros

Uma das características mais interessantes da descoberta foi a capacidade de eles corrigirem suas próprias falhas quando danificados. Seria meio que uma autocura. Além disso, eles podem caminhar/nadar (sobrevivem em sistemas aquoso), trabalhar em grupos e conseguem se manter por semanas sem nutrientes.

O algoritmo usado na simulação dos xenobots tem uma característica evolutiva, que descobre modos distintos com ajuda de inteligência artificial para combinar os componentes biológicos para determinado fim, destacou o estudo.

Na prática, ele imita a seleção natural e consegue tomar decisões de quais células devem ou não continuar ativas. Os autores do estudo consideram que os robôs vivos são mais seguros, não serão prejudiciais à saúde e nem causarão efeitos colaterais.

Depois de ler tudo isso talvez você esteja pensando: esses robôs com estruturas celulares inteligentes não vão se reproduzir por aí? Bom, segundo os cientistas, eles não têm a capacidade de reprodução e nem conseguirão evoluir para outros fins. Eles morrem em até sete dias e se degradam naturalmente.

* Com informações da Wired e MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts)

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