Abriram o Galaxy Fold para saber por que ele quebrou tanto... e foi adiado
Resumo da notícia
- Site iFixit descobriu que Galaxy Fold era suscetível a entrada de detritos
- Apesar dos temores, dobraduras pareceram ser projetadas para aguentar o uso
- Mas design leva ao surgimento de protuberâncias e permitem juntar poeira
- Celulares que experimentam novos formatos estão mais suscetíveis a falhas
A Samsung se viu obrigada a adiar o lançamento de seu primeiro smartphone com tela dobrável, o Galaxy Fold, sem especificar por enquanto uma nota data para sua chegada às lojas. Enquanto esperamos, o site iFixit investigou por conta própria, dissecou um Fold e descobriu que o aparelho era bastante suscetível a entrada de detritos.
Dois pontos foram importantes nessa análise do iFixit. O primeiro é que, contrariando as expectativas mais pessimistas, as dobraduras do Fold parecem ser bem resistentes. A outra é que rendeu a má notícia: a tela do telefone, quando dobrada, facilita a criação de pequenas protuberâncias. E são nelas que a sujeira pode se acumular.
Primeiro, falemos das dobraduras. A Samsung havia alardeado que a testou bem, e que por isso ela aguentaria abrir e fechar o Fold mais de 200 mil vezes sem prejuízos.
Esse teste não pôde ser confirmado pelo iFixit, mas ele encontrou dois tipos de dobradiças: uma central que "distribui a força de abertura igualmente, garantindo que as duas metades do telefone abrem de forma síncrona" e duas laterais que "permitem alguma folga horizontal para absorver qualquer força de torção.". Em resumo, pareceram ser projetadas para aguentar bem o uso.
Agora, as falhas. Para conseguir dobrar sem danificar a tela, o Fold permitiu um tipo de espaço de folga de 7 mm entre a tela e a borda do celular. É algo que, como mostra a imagem, permite forçar a entrada de um objeto fino e "levantar" a superfície da tela, criando indesejadas protuberâncias.
Mas fica pior. Na traseira do Fold, em posição dobrada, sua "coluna" --pense nesta parte como a lombada de um livro-- é rodeada por enormes brechas. Embora estas tragam poucas chances de danificar a tela em si, o iFixit diz que "definitivamente acumularão poeira" que, por sua vez, vai estragar o aparelho a médio ou longo prazo.
Uma nova fase de celulares quebrando?
O iFixit fez um comentário pertinente sobre as enormes falhas de design do Fold.
Já passou algum tempo desde que vimos um telefone com tantas lacunas, com a indústria se distanciando das partes móveis e das lajes vedadas. Será interessante ver como os designs de futuros [telefones] dobráveis superarão essas fraquezas
O que acontece é que estamos presenciando uma possível transição no formato tradicional dos smartphones. Desde o primeiro iPhone, nos acostumamos a vê-los como barrinhas retangulares inalteradas, com tela sensível ao toque feita de um único vidro, e a traseira de metal, plástico ou mais vidro.
Mas silenciosamente esse paradigma está mudando, pelo menos desde o ano passado. Já existem smartphones chineses que estão "guardando" a câmera frontal e a expondo com truques.
No Oppo Find X, ela aparece com parte do corpo do celular deslizando para baixo, com um mecanismo controlado por motor. No Vivo Nex, ela surge como uma gavetinha aberta para cima. O Xiaomi Mi Mix 3 também desliza, mas manualmente. E o Oppo Reno também tem câmera que pula, mas como uma rampa na parte de cima.
Mas a questão é descobrirmos o quanto essas inovações estão prontas quanto à resistência e à segurança. O canal do YouTube Jerry Rig Everything, famoso por danificar smartphones caros em testes de durabilidade, submeteu o Oppo Find X à uma pressão para entornar, e conseguiu fazê-lo com mais facilidade que a média dos modelos que ele testou. Por outro lado, o também deslizante Mi Mix 3 aguentou surpreendentemente bem nas mãos de Zack Nelson, dono do canal.
Todos esses modelos estão sem previsão de venda no Brasil, mas a própria Samsung lançou aqui há poucos dias o Galaxy A80, que traz um mecanismo deslizante que inverte a posição de sua única câmera, indo da traseira para a frente do celular. Ainda não testamos este modelo, mas temos dúvidas sobre os riscos desse mecanismo travar ou parttir-se com pequenos objetos intrusos, como ciscos de areia ou a chave no seu bolso.
O ponto é que essas inovações, do ponto de vista experimental, são muito bem vindas para revitalizar o mercado de celulares, que andava estagnado comercialmente e criativamente nos últimos anos. Só que a contrapartida é que as marcas terão que descobrir como torná-los minimamente resistentes de novo. Enquanto isso, veremos alguns modelos falhos no caminho, como aparenta ser o Galaxy Fold.
Cronologia do caso Galaxy Fold
20.fev.2019 - A Samsung anuncia o Galaxy Fold, seu primeiro smartphone com tela dobrável. A tela maior (7,3 polegadas) se assemelha a de um tablet, mas a menor, que aparece com o celular dobrado, é bem menor (4,6 polegadas). O modelo tem lançamento prometido no exterior para 26 de abril.
24.fev.2019 - A Huawei, arquirrival da Samsung na Ásia, anuncia na feira MWC o Mate X, seu primeiro smartphone dobrável. Diferentemente do Galaxy Fold, o Mate X abre no sentido contrário ao de um livro, e a tela fica no lugar da capa. O visor também é maior que o do Fold: fechada, tem 6,6 polegadas de um lado e 6,38 polegadas do outro. Aberta, chega a oito polegadas. NA MWC, tanto o Mate X quanto o Fold foram expostos separados do público por gaiolas de vidro.
17.abr.2019 - A poucos dias do lançamento global do Galaxy Fold, surgem as primeiras análises da imprensa internacional. Elas afirmaram que tiveram problemas grandes com a tela do celular poucos dias após começarem a usá-lo. Apareceram protuberâncias na tela, muitas delas causadas pela retirada de uma película protetora da tela. A Samsung não disse que a película não deveria ser retirada.
24.abr.2019 - Confirmando rumores, a Samsung informou que resolveu adiar o lançamento do Fold. "Alguns analistas nos mostraram como o smartphone precisa de alguns ajustes que garantam a melhor experiência do usuário", afirmou a empresa em nota. E prometeu anunciar a data de lançamento dentro de algumas semanas.
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