Até cofundador da Apple diz: por que Samsung e Huawei estão anos à frente?
Resumo da notícia
- Analista da Goldman Sachs vê Apple dois anos atrás da Samsung após lançamento do Galaxy Fold
- Cofundador da Apple, Steve Wozniak lamentou falta de liderança da empresa nessa área e disse querer um celular dobrável
- Pouco se fala do celular dobrável da Apple e apenas patentes já foram vazadas
- Empresa terá trabalho para não perder o bonde da inovação e pode ter que depender de telas Oled flexíveis da Samsung
Quando a Apple lançou o primeiro iPhone, lá em 2007, a empresa se gabou de estar cinco anos à frente do resto do mercado de celulares. De fato estava e demorou alguns anos até novos aparelhos beliscarem o que os iPhones já faziam muito bem. Mas, agora, analistas enxergam a Apple pelo menos dois anos atrás de alguns rivais como Samsung e Huawei.
Com a chegada dos celulares dobráveis, a empresa tem motivos para se preocupar.
Um celular dobrável pode não ser viável para a Apple fazer. Vemos isso como um desafio para a marca, que pode ficar sem acesso a tecnologia crítica da tela Oled flexível, na qual acreditamos que a Samsung tem no mínimo uma vantagem de dois anos em relação aos outros displays rivais
Rod Hall, analista da Goldman Sachs segundo o site Business Insider
Até mesmo Steve Wozniak, cofundador da Apple, se mostrou incomodado de ver a empresa atrás na área de inovação. Em entrevista à Bloomberg TV, ele disse que estava interessado em comprar um celular dobrável, mas lamentou talvez ter de comprar de outra empresa.
A Apple tem sido líder por um longo tempo como Touch Id, Face ID e pagamentos pelo telefone. Ela não é líder em áreas como o celular dobrável e isso me preocupa, porque eu realmente quero um smartphone dobrável
Recentemente, a Samsung apresentou seu Galaxy Fold em San Francisco, com venda marcada para abril e um preço de quase US$ 2.000. Dias depois a chinesa Huawei também mostrou o protótipo do seu smartphone que se dobra, que será lançado ainda neste ano. Esses aparelhos são considerados a próxima revolução em celulares.
Apple é inovadora, mas...
A preocupação de Wozniak e Hall tem fundamento: a Apple sempre é vista como um celeiro de inovação, mas tem perdido o bonde recentemente. Em vez de ser copiada, a empresa de Tim Cook pode começar a ser vista como copiadora.
Foi a Apple que inovou com o iPhone e sua revolução, com a maravilhosa loja de aplicativos que mudou o mundo, com o Touch ID e com o Face ID. Ela pode não ter inovado tanto recentemente, mas de certo popularizou tendências após adotar o entalhe na tela, a câmera dupla com o modo retrato e os famigerados Animoji.
Só que essa não seria a primeira vez que a Apple ficaria atrás dos concorrentes em algo. A empresa também perdeu o bonde das telas gigantes em celulares, apenas se recuperando no ano passado.
A Samsung lançou o primeiro Galaxy Note lá em 2011. Outras marcas também fizeram versões de seus aparelhos com telas realmente grandes. A Apple, apesar de ter suas versões Plus já há alguns anos, só apresentou um iPhone com 6,5 polegadas - então uma das maiores telas do mercado - no ano passado, se aproveitando da tela com entalhe.
Apresentar celulares com tela grande por anos não foi a prioridade da Apple. E é exatamente por isso que a empresa está atrás em relação aos celulares dobráveis: enquanto deixava o iPhone distante dos "phablets", outras empresas trabalhavam em tecnologias para deixar as telas flexíveis e promover displays maiores em corpos de dispositivos que cabem no bolso.
Como a Apple pode dar a volta por cima
Ainda dá tempo da Apple recuperar os dois anos de desvantagem em relação aos rivais. Tanto o Galaxy Fold como o Huawei Mate X estão recebendo algumas críticas, passado o assombro geral com o lançamento, por ter alguns elementos de "protótipo".
Críticos estão enxergando detalhes ruins típicos de uma nova tecnologia que ainda será aprimorada nos próximos anos: tela com marca no meio da dobra, aparelhos bem grossos e afins. O que a Apple pode fazer, então, é correr para lançar um aparelho que será melhor do que os rivais, à sua maneira.
Mas isso não será fácil. Existem poucos boatos a respeito da busca da Apple por um celular dobrável - a não ser algumas patentes emitidas por aí, apenas sonhos que podem não virar realidade. Por isso, parece que a empresa está longe de apresentar um smartphone dobrável ainda neste ano.
Isso é preocupante principalmente pela marca costumar fazer apenas um lançamento de celulares a cada ano - se não lançar em 2019, só teria um celular dobrável no fim de 2020, quando várias empresas já deverão ter lançado seus produtos. Na MWC 2019, celulares dobráveis são o grande destaque e companhias como LG, Motorola, Xiaomi, Oppo, Vivo e outras trabalham em produtos do tipo.
Um grande problema para a Apple ainda é a oferta de telas flexíveis, um componente que é caro e por enquanto com pouco concorrência - a Samsung, por exemplo, é uma das que tem a tecnologia e pode priorizá-la em seus celulares antes de vender para rivais. As próprias telas Oled dos iPhones recentes são compradas da Samsung.
Para apresentar um smartphone dobrável, a Apple ainda teria que reconstruir seu sistema iOS em função desses aparelhos. Isso não é necessário no caso das rivais, já que o Google já apresentou um sistema Android para celulares dobráveis, bastando as empresas adaptarem para seus aparelhos. O tempo é curto e a Apple precisa correr.
Outras estratégias
Os problemas da Apple em apresentar novos produtos que choquem o mercado têm feito a empresa ver vendas de iPhones ficarem abaixo do que imaginava - a companhia passou até a não falar mais em seus balanços quantas unidades vendeu. Ate os lançamentos recentes da empresa volta e meia recebem algumas críticas pela falta de inovação.
Mas a companhia de Tim Cook não está parada e busca lucros em outras áreas. A próxima galinha de ouros da Apple, de acordo com seus próprios executivos, é a área de serviços, com lucros acima da média.
Por enquanto a empresa já tem o Apple Music e promete lançar nos próximos meses um serviço de streaming como a Netflix - que mesclará conteúdo original e parcerias com outros streaming e canais -, além de um serviço que tem sido citado como uma "Netflix das notícias".
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