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Renato de Castro

Exemplo no país, cidade substitui saneamento da era de Dom Pedro em 20 anos

Photorama/ Pixabay
Imagem: Photorama/ Pixabay

01/09/2020 04h00

Também conhecida como Cidade Imperial, a história de Petrópolis começou quando Dom Pedro I se hospedou em uma fazenda na região serrana. Encantado com o lugar, ele comprou diversas propriedades e o povoamento se iniciou no reinado de seu filho, Dom Pedro II.

Há pouco mais de duas décadas, a cidade ainda tinha condições muito parecidas com a época imperial, afinal, havia somente uma estação de tratamento de água no bairro Itaipava que se limitava à cloração da água. Sem tratamento de esgoto e com somente 2% da população com acesso à água clorada, o município estava no fim da lista quando o assunto era saneamento básico. Após outorgar a concessão de prestação de serviços de água e esgoto à iniciativa privada, melhorias foram implementadas e a cidade passou a ser a segunda do estado no ranking de saneamento.

Hoje, 85% das residências da área urbana de Petrópolis têm o esgoto tratado e 95% da população tem acesso à água tratada. No ano passado, foi lançado o projeto de Revitalização de Políticas Públicas das Áreas Rurais do município que visa a instalação de 423 fossas sépticas e filtros para o tratamento de esgoto nas áreas rurais.

A Águas do Imperador, empresa que vai administrar os serviços na cidade até 2042, também é responsável pelo projeto Saneamento Sustentável, que converte toda matéria orgânica presente no esgoto em gás metano que é posteriormente utilizado como combustível em fogões de cozinha e geradores para moradores, creches e outras instituições sem qualquer custo. Além do reaproveitamento da matéria orgânica, os biodigestores usados no processo também colaboram com o meio ambiente ao utilizar material reciclável, como pneus e garrafas PET, em seus filtros e não consumir energia elétrica.

A cidade de Petrópolis conta com sete estações de tratamento de água que, somadas, tratam 61,8 milhões de litros por dia. As 26 unidades de tratamento de esgoto são responsáveis por cuidar de 56,2 milhões de litros por dia e a meta é universalizar o tratamento nos próximos anos.

Com o objetivo de garantir à sociedade o acesso à informação, a empresa que presta serviço de água e esgoto no município, Águas do Imperador, mantém uma base de dados atualizada com todas as informações relacionadas à regulamentação técnica em vigor no país.

A oitava estação de tratamento de água que está em construção no bairro Araras será complementada por uma adutora de quase um quilômetro que servirá para levar a água até a estação de tratamento. As duas obras juntas representam um investimento de R$ 12,3 milhões, e o sistema estará em operação no segundo semestre deste ano.

De acordo com a concessionária, a estação terá capacidade para fazer a captação de até 210 litros de água por segundo e contará com duas elevatórias, dois módulos de tratamento da água e um reservatório de dois milhões de litros. Já a adutora será feita com tubulação de 500 mm, que permitirá uma vazão maior de água, e o encanamento será em ferro fundido, o que permitirá uma durabilidade de até 50 anos.

Em 20 anos, Petrópolis passou de uma cidade sem tratamento de esgoto e quase sem acesso à água potável à referência nacional em soluções de saneamento básico. A iniciativa público-privada na área de saneamento também produz gás a partir de matéria orgânica. O projeto nasceu no formato de uma concessão de prestação de serviços de água e de esgoto para o município. Já foram investidos mais de R$ 164 milhões pela empresa Águas do Imperador (até dezembro de 2019).

Existe uma grande tendência mundial atualmente para uma maior atenção aos sistemas sanitários, não somente para o tratamento do esgoto, mas também como parte integrante da matriz de geração de energia renovável. No Brasil sabemos que ainda temos problemas básicos no saneamento básico que necessitam ser equacionados, mas pode ser uma oportunidade incluir os conceitos da economia circular e tecnologias de Smart City nesse processo.

Ainda não vemos esse movimento acontecendo de forma consistente no nosso país, logo, incluir esse tema nos planos de governo pode ser uma estratégia bem interessante para os candidatos das eleições desse ano, não acha? Seu candidato a prefeito tem falado sobre o tema? Nos vemos na próxima semana.